Page 57 - abril 2012

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mentado o caso de uma refinaria em
Pas-de-Calais, na França, em que suas
torres de resfriamento infectaram pes-
soas em um raio de seis quilômetros.
Isso significa que o hospedeiro não pre-
cisa estar necessariamente próximo à
fonte de contaminação.
O
tema
sob três visões
Para debater de forma mais ampla
esta questão a que estamos sujeitos
no nosso dia a dia, inclusive de férias,
convidamos três especialistas brasilei-
ros, cada um contribuindo sobre um
aspecto da
Legionella
.
A nossa primeira fonte é o Professor
Doutor Dario Simões Zamboni, profes-
sor e pesquisador do Departamento de
Biologia Celular, Molecular e Bioagentes
Patogênicos da Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto da Universidade de
São Paulo. Um dos mais conceituados
pesquisadores da América Latina sobre a
Legionella
, ele é membro afiliado da So-
ciedade Brasileira de Ciências e coorde-
nador da área de parasito-hospedeiro da
Sociedade Brasileira de Microbiologia.
O artigo também conta com a im-
portante contribuição da Dra. Mirian
Dilgueriam, pós-graduada em Direito
Constitucional, mestre e doutora em
Direitos Difusos e Coletivos e autora
do único livro sobre a
Legionella
publi-
cado até então no Brasil. Na obra ela
aborda as questões e responsabilida-
des legais que este tema desperta.
Por fim, leia as dicas de Fernando
Henrique Bensoussan Pinto da Fonse-
ca, avaliador de risco em
Legionella
, com
formação sobre o tema na Inglaterra e
sócio da empresa de consultoria SETRI.
O
olhar acadêmico
Entrevista com o Prof. Dr. Dario Si-
mões Zamboni/Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto da USP
Quais são os aspectos da Legionella
levados em conta em suas pesquisas?
Em nosso laboratório, investigamos os
mecanismos pelos quais as bactérias do
gênero conseguem causar pneumonias.
Esses estudos podem ser divididos emme-
canismos de patogenicidade das bactérias,
uma área de estudo que pertence à Micro-
biologia, e as respostas imunes que operam
na resistência do hospedeiro frente à infec-
ção por essas bactérias, área de estudo
que pertence à Imunologia. Investigamos
também os mediadores inflamatórios que
operam durante a infecção, pois eles são
parte da resposta imune e extremamente
importantes para o controle da infecção.
Mas também podem levar o individuo in-
fectado à morte.
O que o levou a este tipo de pesquisa?
E qual é a sua importância?
Desde o meu Doutoramento na Es-
cola Paulista de Medicina, trabalho com
bactérias intracelulares que causam
pneumonias. Em 2003, quando fui a
Yale University (EUA) para realizar meu
Pós-Doutoramento, passei a trabalhar
com
Legionella pneumophila
. Em 2006,
quando retornei ao Brasil, estabeleci na
Universidade de São Paulo um labora-
tório com financiamento da FAPESP
(Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo) para investigar
essa bactéria. Desde então, os pesqui-