Page 56 - junho 2012

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Mercado Imobiliário
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INFRA
Outsourcing &Workplace
O comportamento do setor de
Real Estate no Brasil em 2012
Comitê de Mercado da Poli-USP aponta as influências dos impasses na
economia mundial e ajustes estruturais da economia interna do setor
M
ensalmente, o Núcleo de
Real Estate da Escola Po-
litécnica da USP se reúne
para o chamado Comitê
de Mercado. Nesta edição da INFRA
você vai conferir um resumo do tema
“O comportamento do setor de Real
Estate no Brasil em 2012”, discutido em
15 de março, em São Paulo.
O encontro contou com a presença
do economista Mauricio Kedhi Mo-
lan, que apresentou dados e projeções
sobre a economia mundial e brasileira,
discutindo eventuais influências da cri-
se mundial no mercado de Real Estate
durante o ano de 2012.
P
anorama
econômico mundial
No cenário econômico mundial, ve-
rificam-se sensíveis alterações recentes,
do final de 2011 migrando para 2012.
Na metade do ano de 2011, os mer-
cados eram influenciados pela tensão
provocada pelo quase colapso da zona
do euro, associados a dúvidas sobre o
comportamento dos EUA relativamen-
te à sua dívida. Ora este cenário já so-
freu algumas alterações.
• Economia americana
Apesar da conjuntura econômica
adversa, os consumidores continuam
gastando, os investimentos cresceram
de forma razoável no segundo semes-
tre de 2011, o mercado imobiliário apa-
rentemente já atingiu seu pior estado,
com os indicadores de preços e oferta
reagindo, ainda que de forma incipiente
e sem apresentar um viés definido. Em
relação ao cenário esperado para 2011 e
início de 2012, os EUA cresceram aci-
ma do previsto. Entretanto, há diversos
desafios a serem superados e que irão
impactar no crescimento da economia.
Um dos maiores é a necessidade de
ajuste fiscal: o déficit que atualmente é
de 9% do PIB deve chegar a 7%, e este
esperado ajuste de política fiscal dimi-
nuirá o crescimento.
• Economia europeia
Na zona do euro, o colapso foi
evitado com a decisão do seu banco
central de injetar moeda na economia,
quebrando com isso um círculo vicioso
– risco bancário e risco soberano. Ha-
via desconfiança porque os bancos car-
regavam muita dívida pública, e vários
dos seus membros não apresentavam
capacidade de pagamento. Com a inje-
ção de liquidez, o risco diminuiu, mas
o problema não foi resolvido – apenas
houve um ganho de tempo para que go-
vernos façam os necessários ajustes nas
suas economias. Alguns países deverão
realizar um grande ajuste fiscal, como a
Espanha, que tem que sair de um déficit
de 8% do PIB para aproximadamente
4%. A maioria dos países tem proble-
mas fiscais e de solvência, indicando
que haverá ajuste das contas fiscais, o
que irá retrair o crescimento dos países
em um ambiente no qual a contração de
crédito já é substancial.
O banco central europeu está fa-
zendo somente a injeção de liquidez; os
títulos (neste caso, públicos) permane-
cem no balanço dos bancos. Portanto,
o desafio de reverter a conjuntura de
contração de crédito é muito maior. A
perspectiva para os próximos anos é de
um período negativo em termos de cres-
cimento para os países da zona do euro.
• Crescimento mundial
A conjuntura indica que o cresci-
mento global e das grandes economias
que ocorria nas últimas décadas não po-
derá se repetir nos próximos anos. Dian-
te da crise atual, é razoável esperar que
o crescimento global não ultrapasse 3%,
ficando a China próxima dos 8%, países
emergentes no patamar dos 6% e as eco-
nomias avançadas não superando 1,2%.
P
anorama
econômico
brasileiro
• Impactos
Para o Brasil, um crescimento mun-
dial moderado implica na condição de
crescer em um ritmo equivalente ao
atual. O ambiente é de crescimento
mais moderado, mas é de maior liqui-