Page 18 - Revista Infra Setembro 2012

Assunto do Mês
18 INFRA
Outsourcing &Workplace
Por Érica Marcondes e Guilherme Wieczorek
A
lém de importante aliado
para a qualidade de vida e
o conforto das pessoas, o
setor de aquecimento, ven-
tilação e ar condicionado (HVAC-R)
é o ator principal quando falamos em
sustentabilidade predial.
Afinal, não é a climatização o fa-
tor que mais pesa na conta de energia
elétrica dos empreendimentos, princi-
palmente comerciais? Na obtenção de
um selo verde como o LEED (emitido
pelo U. S. Green Building Council),
por exemplo, ela tem um dos maiores
impactos – lembrando que a pontua-
ção varia conforme o tipo da edifica-
ção: escola, hospital, edifício corpo-
rativo, e categoria: nova construção,
interiores etc.
Então, nada mais lógico do que in-
vestir em tecnologias capazes de tornar
esse sistema muito mais eficiente. E é o
que os investidores e construtoras es-
tão fazendo. Aliás, os facility managers
também, no caso dos retrofits.
A mesma preocupação existe
quando o assunto é a saúde e o con-
forto do futuro usuário do edifício. Em
seu boletim bimestral
Tapume
(jul/ago
2012), a HOCHTIEF do Brasil cita
duas obras que estão sob o seu coman-
do, e que têm recebido tal tratamento.
Segundo a empresa, os cuidados ainda
acontecem na fase de construção e
instalações de HVAC, dependendo di-
retamente dos profissionais que atuam
nos canteiros quanto à higienização e
proteção dos dutos.
“Para garantir que o sistema possua
integridade na sua assepsia, é importan-
te ter dutos limpos já na etapa de insta-
lação”, cita a notícia. A solução então é
realizar a montagem das tubulações em
secções maiores e em salas com am-
biente controlado (salas limpas).
No caso dos empreendimentos dados
como exemplo – REC Berrini e Edifício
Faria Lima 17 – foram adotados procedi-
mentos para melhorar a qualidade do ar
tanto para os funcionários da obra quan-
to para os futuros usuários, como: limpe-
za permanente, proteção dos dutos de ar
condicionado para evitar contaminação
com poeiras durante a obra, armazena-
mento de materiais em locais isolados de
umidade, odores e poeira.
Mas e quando a logística da obra
não proporciona as condições para a
instalação da sala limpa de fabricação
dos dutos? A saída, de acordo com
o informativo, é reforçar as visitas
no fornecedor dos dutos e manter as
condições de organização e limpeza
nas áreas de armazenamento e mon-
tagem dos dutos na obra. Também
vale proteger os equipamentos de
ventilação do sistema quando chegam
ao canteiro.
C
UMPRIR NORMAS
É
REDUZIR
RISCOS
Outro elemento importante dentro
do assunto é o cumprimento das nor-
mas técnicas e/ou de toda a legislação
pertinente sobre a qualidade do ar nos
ambientes interiores (IAQ). Para o Pro-
motor de Justiça do Tribunal do Júri de
São Paulo, Dr. Roberto Tardelli, “quando
se descumpre uma norma, assume-se, de
imediato, um risco. Isso significa dizer que
se está consciente do resultado lesivo,
que implica em uma conduta criminosa,
passível de punição pelo código penal”.
Um indicador relevante que valida essa
afirmação é a evolução da quantidade de
decisões de 2º Grau (Acórdãos) do TJ
de São Paulo que utilizaram NBRs para
fundamentar as sentenças*. Em 2003,
eram apenas 24 – número que cresceu
para 157 em 2008 e para 213 em 2010.
Além de facilitar o trabalho – por
tornar as atividades mais claras – a nor-
ma técnica (da ABNT ou de qualquer
outro organismo) também favorece a
segurança, protege a saúde e o meio
ambiente e pode gerar produtividade,
o que impacta diretamente em maior
competitividade.
Para Sidney de Oliveira, Membro
Efetivo da Comissão de Sustentabilidade
e Meio Ambiente da OAB/SP, o que falta
é que a qualidade do ar nos ambientes in-
teriores seja incluída em todos os fóruns
de discussão sobre meio ambiente, o que
não vem ocorrendo, segundo ele.
Conforto, saúde e confiabilidade
Da instalação ao uso (passando pela modernização), o sistema
de climatização merece atenção especial se o desejo é garantir
vantagens para a operação, usuário e investidores