Page 38 - Revista Infra Outubro 2012

Artigo Serviços
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INFRA
Outsourcing &Workplace
S
egundo dados da GFIP – Guia
de Recolhimento do FGTS e
Informações para Previdência,
tínhamos em 2010 no Brasil 37,5
milhões de pessoas empregadas com
carteira assinada, que receberam men-
salmente, em média, R$ 2.052,00 e R$
1.553,00
aqueles com idade entre 20 a 29
anos. Números do IDV – Identificação
de Localidades e Situações de Famílias
em Vulnerabilidade – captados pelo Pla-
no Brasil Sem Miséria, nos mostram que
57,6%
da população da Bahia; 67,2% do
Maranhão; 22,3% do Rio Grande do Sul;
20,3%
de São Paulo; 27,2% do Rio de
Janeiro e 33,4% de Minas Gerais rece-
bem até meio salário mínimo por mês.
Com base neste contexto que citei
como exemplo, a terceirização, segundo
dados da PAS – Pesquisa Anual de Servi-
ços do IBGE, referente ao ano de 2008,
que levantou dados dos serviços empresa-
riais não financeiros, aquelas atividades de
serviços que estão enquadradas na Clas-
sificação Nacional de Atividades Econô-
micas – CNAE 2.0 – empregou, naquele
ano, cerca de 4 milhões de pessoas. Esse
número representa mais de 10% do em-
prego formal no Brasil, com uma massa
salarial de mais de R$ 51 bilhões, com salá-
rio médio de R$ 1.576,10. O segmento de
cessão de mão de obra pagou R$ 1.384,26;
o de vigilância, R$ 1.218,50; o setor de lim-
peza, R$ 774,36; e o de TI, R$ 2.931,31.
No mesmo sentido, temos também
os números de 2008 referentes aos aci-
dentes do trabalho, por setor de atividade
econômica tirados da CAT – Comunica-
ção de Acidentes do Trabalho – divulga-
dos pelo Ministério da Previdência, que
informa que no total de 615.282 aciden-
tes típicos, a indústria, como um todo,
foi responsável por 76,36% e o setor de
serviços por apenas 28,72%. (Relatório
capítulo 30, item 30.7)
Tal descolamento também pode ser
verificado no demonstrativo referente
aos processos trabalhistas que foram au-
tuados em 2008. Conforme divulgação
do TST – Tribunal Superior do Trabalho
–,
de um total de 192.062 processos, a
indústria responde por 22,49% e os ser-
viços terceirizados por apenas 14,45%.
Ou seja: os números mostram que não
há dúvidas de que a terceirização não pode
ser considerada a única vilã da precariza-
ção do emprego no Brasil, como pregam,
e sonham, seus algozes, que por interesses
corporativos e ideológicos politizaram a
discussão, na medida em que paga salário
médio de R$ 1.576,10 – valor pouco acima
da média nacional para as pessoas de 20 a
29
anos, que é a esmagadora maioria dos
trabalhadores terceirizados.
Veja: 16,2milhões de brasileiros vivem
com menos de R$ 70 por mês, segundo
dados do Governo Federal – grupo esse
que gera a maior parte dos empregos
para os jovens e que não compete com
o emprego direto nas empresas. Ao con-
trário: complementa-os (de acordo com
estudo do prof. Marcio Pochmann para
o Sindeepress – Sindicato dos Trabalha-
dores Terceirizados no Estado de São
Paulo), sofrendo bem menos acidentes,
apesar de ser o maior empregador.
Neste diapasão, os números estão
postos para serem, se for o caso, com-
batidos por fontes do mesmo nível de
credibilidade. Caso contrário, espera-
-
se que não haja divulgação de mais
números sem nenhuma base científica,
apenas com o intuito de desqualificar,
olhando para o próprio umbigo, o pro-
cesso formal de parcerias, um verdadei-
ro achado estratégico para as empresas,
que gera extraordinárias condições para
que elas continuem competitivas num
mundo globalizado, que, por sua vez,
faz a alegria dos consumidores.
Ermínio Alves de Lima Neto
é consultor
empresarial e institucional e assessor parlamentar
da Federação Nacional das Empresas de Serviços
de Limpeza Ambiental (FEBRAC), na coordenação
operacional da Frente Parlamentar Mista do Setor
de Serviços.
Terceirização e o emprego formal
Números comprovam que ela não pode ser considerada
a única vilã da precarização de vagas no Brasil
Alexandre Placido