Página 8 - Revista Infra Maio 2013

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INFRA
Outsourcing & Workplace
Pensando com Léa Lobo
Emídio Gonzaga
ANDANDO DE LADO
S
empre me questiono para onde anda o mercado
a fim de direcionar o nosso conteúdo editorial.
Para isso, procuro almoçar ou tomar um café com
lideranças e, no geral, as visões e angústias dos cin-
co executivos com os quais estive este mês não di-
ferem muito. Mas há um consenso: o mercado está
competitivo, tem excelentes oportunidades, embora
alguns segmentos estejam andando de lado. E por
quê? Algumas de suas lideranças – contratantes e
contratados – não acompanharam o impacto que
o desenvolvimento econômico, financeiro e as con-
corrências globais trouxeram para dentro das em-
presas e também para o País.
Fazendo um comparativo, no passado, um profis-
sional da área financeira era um “guarda-livros”, da
mesma forma que uma pessoa da área de serviços res-
pondia como “serviços gerais”. Hoje, muita coisa mu-
dou. A nomenclatura do primeiro passou para Chief
Financial Officer (CFO), enquanto o segundo é agora
Facility Manager (FM). Você pode supor que a diferença
esteja apenas no nome, mas ela vai muito adiante. Es-
tes possuem a visão do negócio, dos mercados e con-
seguem atender aos interesses das companhias.
Do lado de quem contrata, observamos que al-
guns profissionais estão internalizando serviços, pois
com a pressão estão com a navalha no pescoço para
reduzir custos. Possivelmente tiveram uma experiên-
cia ruim com contratos e/ou escopos mal celebrados.
E, muito possivelmente, demoraram a perceber o que
é administrar uma especialização – considerando os
custos de uma estrutura de RH para substituição de
mão de obra, tempo despendido para busca de nor-
mas, leis e tecnologias adequadas, equipamentos
quebrados e o dia a dia das operações. Muito tempo
é gasto até que ele se certifique de que precisa de um
especialista, voltando assim a terceirizar. E aqui vale
abrir um parêntese: é consenso que internalizar ser-
viços (que podem ser terceirizados) seja sinônimo de
retrocesso. Afinal, especialidade não é custo, desde
que adequadamente entendida e contratada.
Já do lado do fornecedor, há muitos desafios, en-
tre eles o de posicionamento sobre qual é a sua efeti-
va especialidade e a própria atualização do negócio,
principalmente para aqueles que possuem elevado
número de funcionários e atividades atendidas. Há
empresas muito capacitadas e que já estão revendo
seus negócios. Aliás, um dos presidentes da área de
serviços com o qual almocei, estava naquele momen-
to fazendo um curso de atualização com CEOs de
grandes companhias.
No mais, empresas de serviços precisam ter muito
claramente qual é o seu verdadeiro DNA. E quem con-
trata precisa saber o quê e de quem contratar. Ressalto
ainda que há pouco investimento em pessoas, tecno-
logias e inovações – também um desafio, uma vez que
as margens negociadas estão cada vez menores. Assim,
precisamos compreender que o futuro presente e a ra-
cionalidade precisam de bom senso, coerência, foco,
projetos inteligentes e enxutos e até mais unidade dos
mercados. Caso contrário, empresas e profissionais po-
dem até continuar andando de lado, mas sabem que
se assim permanecerem o retrocesso virá, com certeza.
Léa Lobo | Diretora de Redação |