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11

INFRA

Outsourcing & Workplace

 Por meio da

arquitetura dizemos

que a cultura não

tem limites. É como

se não houvesse

uma barreira entre

o ser humano e o

conhecimento 

Yuri Vital

o Arquiteto Yuri Vital, da São Paulo

Arquitetura , responsável pelo projeto.

O projeto arquitetônico consiste em

um monólito puro, modelado em con-

creto aparente, com dobras que fogem

do formalismo. Mas não adianta ter be-

leza se não houver funcionalidade. Por

isso, as dobras que formam a parte ex-

terna do espaço têm também uma fun-

ção acústica, como explica Vital: “As pa-

redes paralelas produzem eco porque a

onda sonora fica de um lado para o ou-

tro, criando um índice de reverberação

ruim. Com paredes não paralelas ou

assimétricas, dissipamos a onda mecâ-

nica do som, evitando o eco. O visitante

está ali para admirar e analisar obras de

arte. É um momento de contemplação

e ele não pode ser interrompido por

um eco vindo de um som produzido a

20 metros dali”.

O processo criativo envolve pensar

acerca de todos os problemas e tentar

transformá-los em solução, ou seja, o

projeto é mais técnico do que plásti-

co. Só que tem a arquitetura para unir

harmoniosa e belamente esses dois

pontos e possibilitar quebras de para-

digmas. “Tudo que eu acho óbvio, can-

celo e tento não por no meu projeto. As-

sim, conseguimos criar um espaço com

muitas características que não tem em

nenhum outro lugar na América do Sul”.

Nas áreas técnica, administrativa

e nas salas de aula as paredes podem

ser paralelas porque não há problemas

com eco por serem menores. Já a área

expositiva no subsolo é outra quebra de

paradigma com propósito. “É um lugar

que não precisa tanto de ar condicio-

nado por já ser protegido da luz solar e

também de ruídos externos”, justifica o

Arquiteto. Lá, as paredes são paralelas.

O teto, porém, é inclinado, quebrando,

de outra forma, a possibilidade de eco:

“Assim, temos uma complexidade es-

trutural e de espaço que surpreende a

cada cantinho”, descreve.

O projeto se destaca por ser uma

obra de arte, como se orgulha o Presi-

dente da Porto Seguro, Fábio Luchetti:

“Por si só o edifício já tem um cunho

museológico e vai criando uma expe-

riência que desperta o interesse da

comunidade. É uma obra de arte que

valoriza o bairro e convida as pessoas

para ver o que ela guarda”.

A iluminação também ganha papel

protagonista. Para o Arquiteto, a luz na-

tural é muito nobre e por isso foi apro-

veitada ao máximo para dar forma ao

museu. No subsolo tem iluminação ze-

nital, que vempelo teto, uma vez que há

dois rasgos na parte mais alta (de seis

metros ). E no térreo a luz zenital vem

pelo chão. O diferencial é que todos os

espaços com luz natural são totalmen-

te controlados, conferindo característi-

cas completamente diferentes.

O pé-direito de oito metros do es-

paço principal é outro diferencial. Para

possibilitar a entrada de grandes obras,

ele é dotado de uma porta de 2,5 me-

tros, mais outras três com dois metros

cada. Foi essa infraestrutura que pos-

sibilitou a entrada da réplica em tama-

nho real da escultura do Davi, de Miche-

langelo, com 5,17 metros de altura mais

uma base de um metro, parte da expo-

sição inaugural gratuita Grandes Mes-

tres – Michelangelo, Leonardo e Rafael.

A quebra de paradigma está até nos

detalhes. Os banheiros, por exemplo, es-

tão na área térmica para que não ecoem

sons e a escada de emergência não tem

cara de emergência, pois é banhada pelo

sol. A questão da segurança, primordial

para uma seguradora, não poderia ter

menos ênfase no espaço. O sistema anti-

-incêndio é a gás, o que impede a propa-

gação do fogo, sem afetar a oxigenação

necessária para o ser humano.

E tudo isso em um complexo de ma-

nutenção simples, como demonstra o

Gestor do espaço Marco Rangel, Sócio

da agência e consultoria A Cultural, res-

ponsável pela gestão cultural e admi-

nistração do espaço. “A infraestrutura é

nova e de fácil preservação, assim po-

demos nos concentrar na gestão cultu-

ral. O trabalho é feito em parceria com

equipes terceirizadas, que trazem solu-

ções”, afirma ele.

A fachada de concreto armado apa-

rente recebeu um tratamento de verniz

para evitar impregnação de sujeiras.

Internamente, as paredes também são

de concreto e o piso é de madeira maci-

ça. São materiais resistentes e que não

exigem grandes cuidados. “Nos inspira-

mos em construções que têm mais de

50 anos e estão perfeitas. O objetivo foi

usar elementos que tivessem durabili-

dade, porque queremos eternizar a obra

e evitar que ela seja alterada ao longo

de sua vida. Trouxemos a inspiração das

décadas de 1940 e 1960, quando se utili-

zava materiais robustos e que se torna-

vam nobres pela forma com a qual eles

eram compostos”, explica Vital.