Revista Infra Março 2017

60 INFRA Outsourcing & Workplace ÁGUA | por Yves Besse* TECNOLOGIA REDUZ CUSTO DA ÁGUA dureza e de temperatura. E em certas áreas de escassez hídrica a solução passa pelo uso da água do mar, ele- vando mais ainda o custo de produção de água potável. Portanto, investir em diminuição de custo é o primeiro passo para viabilizar a universalização. Poucos sabem que nos últimos 20 anos o custo de produ- ção de água no mundo baixou em 27 vezes por causa do desenvolvimento de novas tecnologias e continua dimi- nuindo cada vez mais. Em sistemas tradicionais, o uso tecnológico pode, por exemplo, au- mentar a velocidade de tratamento, como os sistemas lamelar ou sistemas MBBR (Moving Bed Biofilm Reactors), pode acelerar a decantação com a utilização de produtos químicos es- pecíficos que otimizam a floculação, e pode acelerar a filtração com uso de materiais filtrantes especiais. Por- tanto, uma mesma Estação de Trata- mento de Água (ETA) construída há 20 anos pode produzir o dobro de água potável hoje somente com o uso de novas tecnologias. Existemoutras evoluções tecnológi- cas, como a utilização de membranas para a filtração, cujo custo tanto de pro- dução quanto demanutenção diminuiu consideravelmente nos últimos anos. Outras tecnologias, como a flotação, permitem tratar mais eficientemen- te certas águas. Da mesma forma, as tecnologias de dessalinização a partir de osmose reversa ou de sistemas de evaporação evoluíram tanto que em muitos casos viabilizam seu uso para a produção de água potável. Há ainda avanços consideráveis em automação e em sistema de telecoman- do, que diminuíram drasticamente os custos operacionais das ETAs. É esse conjunto de evolução tecnológica que levou à diminuição de custos na pro- dução de água potável. Contudo, no caso do Brasil ainda estamos engatinhando no uso tecno- lógico. Como 90% da população urba- na brasileira é atendida por empresas públicas, temos que incentivar o uso de tecnologia promovendo uma mudança cultural interna na gestão dessas com- panhias, assim como o desenvolvimen- to de ferramentas e modelos específi- cos, como as concessões, as Parcerias Público-Privada (PPP), as locações de ativos, os contratos de performance e a modernização da lei de licitação em curso no congresso, para que essas empresas públicas possam acessar de maneira sustentável as tecnologias, buscar custos sustentáveis e atingir a universalização. * Yves Besse é Diretor Geral de Projetos para América Latina da Veolia Water Technologies. T em se falado muito da universa- lização do setor de saneamento, olhando apenas para o lado do in- vestimento em expansão. Esquece-se de um aspecto fundamental que é o investimento em eficiência operacio- nal, o que permitirá atingir o custo sustentável, diretamente vinculado à condição social da população que usa a água. Esse custo é aquele que, em con- dições de eficiência e eficácia opera- cional e de uso e consumo sustentá- vel, permite à população pagar pela água. Isso varia enormemente por país e por região e, muitas vezes, só se tor- na sustentável a partir de uma política adequada e transparente de subsídios diretos ou indiretos. Não existe um custo padrão para a água, mas um custo real que varia muito em função das características e do tipo da água bruta utilizada para a produção de água potável. As águas de superfícies e subterrâneas, como as dos rios, dos lagos e dos aquíferos, têm características diversas em termo de turbidez, de PH, de coloração, de Divulgação Não existe um custo padrão para a água, mas um custo real que varia muito em função das características e do tipo da água bruta utilizada para a produção de água potável

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