Revista Infra Maio/Junho 2018

90 INFRA Outsourcing & Workplace PROJETO DE BIOSANEAMENTO pelo presidente Roberto Loeb a integrar um projeto de saneamento dentro da comunidade, que se instalou na área do Instituto. Aceitei na hora porque já estava muito motivado a fazer algo e, lá, conheci o Guilherme Castagna, da Fluxus, que é quem detém a tecnolo- gia do biodigestor como tratamento de esgoto. O projeto começou daí e foi evoluindo à medida que avançávamos nas decisões de como implementá-lo. Hoje, estamos com o piloto pronto e em vias de expansão não só onde o primeiro foi executado, mas, também, para outras localidades. Pode explicar o que é o biodi- gestor e como ele funciona? O biodigestor não é uma novidade. Desde criança eu ouço meu pai falar disso como uma forma de geração de gás e energia. A infraestrutura, passível de ser executada em uma semana, é composta por 3 caixas: a de entrada que recebe os resíduos, o biodigestor propriamente dito onde esses resíduos são fermentados e gás é produzido e uma caixa de compensação em que o esgoto pré-tratado é filtrado por plantas aquática e destinado para infiltração. Basicamente, dentro do biodigestor, bactérias anaeróbicas promovem a digestão da matéria orgânica gerando como subprodutos o gás metano, es- goto em uma condição infinitamente superior a que iniciou o proceso e um lodo que é um poderoso fertilizante. Quais são as vantagens, além do tratamento do esgo- to, que este projeto traz? Em primeiro lugar, a produção de gás metano que é devolvido às casas das famílias beneficiadas e que é usado para cocção, ajudando economicamente fa- mílias muito pobres para as quais o cus- to do gás de cozinha é bem significativo. Por outro lado, a queima do gás metano ajuda a reduzir os impactos negativos relacionados ao efeito estufa, diferente do que acontece quando ele é liberado diretamente para a atmosfera. Alémdis- so, o pocesso de digestão e filtragemda matéria orgânica elimina grande parte do contaminante, criando um efluen- te melhor, com muito menos impacto ambiental, que pode ser diretamente infiltrado em zonas de bananeiras que, por sua vez, conseguem evaporar gran- de parte dele. O que sobra é absorvido pela terra sem causar problemas para o lençol freático, o que é outra vantagem RESPONSABILIDADE SOCIAL | por Ana Claudia Morrissy Machado Divulgação Brasil. País, onde dez anos após a Lei de Saneamento Básico entrar em vigor, ainda metade da população encontra-se sem acesso a saneamento básico U topia falar em investimento por parte da União? Talvez. Mas por que não pensar na iniciativa privada to- mando a frente desse assunto e criando umentornomelhor? Por que não pensar em responsabilidade social praticada de forma correta, permitindo atingir resultados que, hoje, ainda parecem tão distantes? Quem nos fala sobre este assunto é o Engenheiro Luiz Alberto Altmann Fa- zio, idealizador do Projeto de Biosanea- mento, da ONG TETO – www.techo.org Como surgiu a ideia de levar o Projeto de Biosaneamento para dentro das comunidades carentes? Mais que uma ideia, foi um processo. Sou voluntário da ONG TETO para construção de abrigos de emergência em comunidades e, desde minha pri- meira imersão em uma favela do Rio de Janeiro, fiquei muito sensibilizado com a situação do esgoto a céu aberto. Não que eu desconhecesse o fato, mas quando se vivencia esta situação, tudo fica muito diferente. Quando eu quebrei essa barreira e atuei junto com o TETO, tive oportunidade de ver o problema de perto e me senti desafiado a fazer algo, só não sabia o quê e como. Nessa mesma época, par- ticipando das ações do Instituto Grajaú Anchieta, em São Paulo, fui convidado

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