Revista Infra - Jul-Ago-Set 2021

114 | InfraFM LIMPEZA Por Eliza de Lima e Mário Guedes Limpeza hospitalar, uma questão de educação N os corredores dos hospitais e outras unidades de saúde de todo o país, profissionais cumprem turnos extensos, com paramentação pesada e muitos equipamentos de proteção individual. O risco de contaminação é alto, mesmo que eles não lidem diretamente com os pacientes de Covid-19. Embora a rotina seja parecida, não se trata de médicos ou enfermeiros, mas de trabalhadores da limpeza hospitalar, incansáveis em sua missão de manter os ambientes, equipamentos e superfícies impecavelmente higienizados, uma atividade imprescindível no combate à pandemia. O coronavírus é apenas uma das muitas ameaças biológicas que esses profissionais enfrentam todos os dias. Ainda corria o século XIX quando o médico húngaro Ignaz Semmelweis descobriu que o simples ato de lavar as mãos poderia diminuir de forma significativa as infecções e mortes dos pacientes na enfermaria da maternidade de um hospital em Viena, na Áustria. O lavar de mãos evoluiu para práticas pessoais de higiene mais ostensivas e começou-se a pensar em outros protocolos que pudessem contribuir para que os hospitais se tornassem não apenas limpos, mas desinfetados e, portanto, mais seguros. As dependem da responsabilidade e boa conduta pessoal frente aos quadros clínicos, bem como da sensibilidade emocional. A pandemia de Covid-19 escancarou uma realidade que muitos ainda se negam a encarar: profissionais de limpeza que atuam na área da saúde precisam ser altamente especializados. Não basta saber fazer a higienização, é necessário o desenvolvimento da percepção global de sua função, com compreensão de questões relacionadas à biossegurança antes, durante e depois do expediente. Por isso, esses profissionais devem ser devidamente valorizados. O investimento feito neles deve sempre aliar equipamentos e produtos de limpeza adequados a um programa de capacitação continuada. Assim, mesmo em tempos de pandemia, quando o número de infectados pressiona o sistema de saúde e os profissionais que atuam na linha de frente - incluindo a equipe de limpeza -, a formação profissional ajuda a trazer segurança para realizar os procedimentos com eficiência e qualidade, apesar das dificuldades. *Eliza de Lima é assistente de hotelaria hospitalar e ex-aluna da Fundação de Asseio e Conservação, Serviços Especializados e Facilities (Facop). Mário Guedes é biólogo e coordenador dos cursos de limpeza da mesma instituição. chances de um paciente contrair as chamadas infecções relacionadas à assistência à saúde (Iras) podem ser reduzidas em até 90% com a simples adoção de uma higiene correta do ambiente hospitalar, segundo alguns estudos. Popularmente conhecidas como infecções hospitalares, as Iras ocorrem em pacientes internados em instituições de saúde e são causadas por microrganismos adquiridos a partir de outras pessoas que também estiveram no hospital. É o que a ciência chama de infecção cruzada. Elas também podem ser adquiridas por meio de objetos ou substâncias recentemente contaminadas por outra fonte humana, a infecção ambiental. A ocorrência de ambos os tipos de infecção pode ser minimizada se a higienização for realizada por profissionais de limpeza bem capacitados e orientados, visto que a execução dessas tarefas demanda conhecimento sobre técnicas, produtos e equipamentos específicos. O conhecimento adequado de técnicas, produtos e equipamentos vai garantir uma limpeza e desinfecção corretamente realizadas. Além disso, também é preciso que os profissionais de limpeza que atuam nesses espaços estejam emocionalmente preparados. Afinal, eles lidarão diretamente com vidas humanas - e a recuperação e sobrevida dessas pessoas

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