Page 8 - fevereiro 2012

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Pensando com Léa Lobo
Léa Lobo
Diretora de Redação
lealobo@talen.com.br
Malária e logística
Dois dos “X” em FM
E
m sua carreira, quem é você?
Funcionário público, funcioná-
rio de empresa privada, dono
do próprio negócio? Segundo
Max Gehringer, em entrevista ao
Fan-
tástico
no primeiro dia de 2012, das três
carreiras, a que mais vai crescer nos pró-
ximos anos é a de empreendedor.
Mas o que é empreender? Temos
várias respostas. O melhor exemplo real
que encontrei foi na leitura do objetivo
livro “O X da Questão”, de Eike Batista,
com a colaboração de Roberto D’Avila,
lançado em dezembro último. Para os
profissionais de Gerenciamento de Faci-
lidades, o mais importante do livro, além
de despertar o lado empreendedor, é o
case
relatado no capítulo nove, que con-
firma a importância da visão sistêmica e
de olharmos além do negócio principal.
Acompanhe:
“Criei um pequeno mundo às margens
de uma mina de ouro. O garimpo Novo
Planeta fazia por merecer o nome. Não
havia nada parecido na galáxia mineral
brasileira. Foi uma verdadeira operação
militar. Eu tinha de fazer chegar a uma
região distante de tudo, a uma área remo-
ta, equipamentos que muita gente sequer
cogitaria deslocar para lá. E não foram
apenas máquinas. Mobilizei engenheiros,
geólogos, operadores, tratoristas, enfim
toda uma equipe altamente capacitada.
“Isso não quer dizer que fui brilhante
o tempo todo. Houve falhas importan-
tes no curso daquela operação. Quando
se retira um grama de ouro de um total
de duas toneladas de material, o ideal
é não cometer erros. E eu errei. Havia
subestimado o perigo das doenças e as
dificuldades da logística.
“No que diz respeito à logística, me
vi obrigado a comprar um avião DC-
3. O objetivo era viabilizar uma ponte
aérea entre a mina e a cidade. O ato
de montar e desmontar consumiu mui-
to dinheiro. Fui igualmente obrigado a
imaginar uma forma de fazer chegar ao
garimpo energia, comida e água para
manter aquele mundo em movimento.
O traslado e a montagem de equipa-
mentos também demandaram recursos
que encareceram a operação.
“Subestimei o perigo das doenças
numa região inóspita e fui obrigado a
substituir equipes inteiras acometidas
pela malária, maior inimiga do garimpo
de Alta Floresta. Nos oito meses de
implantação, cheguei a substituir toda
a equipe operacional no transcurso de
apenas 30 dias. Eu liderava um negócio
que perdia seus homens-chaves literal-
mente da noite para o dia.
“Meu grande erro foi não ter lidado
com tais variáveis antes de iniciar a opera-
ção em escala industrial. Como se vê, meu
primeiro grande êxito como empreendedor
não se deu sem sobressaltos e falhas...”.
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