Page 69 - Revista Infra Novembro 2012

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INFRA
Outsourcing &Workplace
dos custos totais de um incêndio é difícil
de definir, isso quando não ocorrem ca-
sos mais drásticos, com vítimas fatais.
Alguns problemas que podem levar
à falha dos sistemas de sprinklers são
particularmente frequentes: o subdi-
mensionamento do projeto do siste-
ma, com o objetivo de reduzir custos;
a mudança da ocupação da edificação
sem a alteração apropriada do sistema
de sprinklers; e a falta de comunicação
entre projetista e instalador, fazendo
com que sistemas projetados correta-
mente tornem-se inadequados devido a
obstruções causadas por vigas, treliças,
dutos e tubulações.
No primeiro caso, é importante
ressaltar que redes de sprinklers, espe-
cialmente as que utilizam chuveiros de
última geração para proteção de depó-
sitos de grande altura, são sensíveis a
pequenas variações e devem ser dimen-
sionadas de acordo com os critérios
recomendados pelo fabricante e pelas
normas técnicas aplicáveis, que são de-
finidos em ensaios de escala real. Isso se
verifica quando se subdimensiona uma
rede de sprinklers pela redução da clas-
se de risco da mercadoria a ser protegi-
da (exemplo: calcula-se o sistema para
proteger um depósito de motores quan-
do, na verdade, o local armazenará ele-
trodomésticos, que têm muito plástico
em sua composição e, portanto, apre-
sentam risco mais acentuado de causar
um incêndio de maiores proporções).
O mesmo acontece em relação à
altura de armazenagem. Ao se proje-
tar o sistema para proteger uma altura
mais baixa do que o local tem de fato,
o seu custo total será reduzido, mas há
grande probabilidade de que ele não seja
capaz de controlar o incêndio porque
a quantidade de água lançada sobre o
fogo não será suficiente para conter a
velocidade de propagação das chamas.
Um problema muito comum que
pode tornar totalmente ineficiente o
sistema de sprinklers é o aumento da
altura de armazenagem em depósitos.
Se um sistema for dimensionado para a
proteção de armazenagem de mercado-
rias a 3,7 metros de altura, por exemplo,
mas a altura dos racks passar a ser de 6
metros sem que a rede de sprinklers seja
redimensionada, é muito provável que
um incêndio nesse depósito não possa
ser controlado apenas pelo chuveiro au-
tomático.
Outra situação que ocorre frequen-
temente é a falta de acesso dos projetis-
tas às eventuais obstruções na edifica-
ção causadas por elementos estruturais,
dutos e tubulações. Em se tratando de
sistemas de sprinklers de alta perfor-
mance para depósitos, cuja eficiência
depende da abertura de pequeno núme-
ro de sprinklers de alta vazão, as obs-
truções podem fazer com que o sistema
não funcione adequadamente ao impe-
dir que a água atinja o fogo.
Assim, a qualidade de um projeto
de proteção contra incêndio é essencial
tanto para se fazer um investimento
correto e justificável nessa área quan-
to para se impedir grandes catástrofes.
A redução de custo de uma instalação
de sprinklers subdimensionada não fará
com que o sistema tenha uma redução
proporcional em desempenho. Nesse
caso, muito provavelmente o proprie-
tário irá trocar uma pequena redução
de custo por um sistema que não terá
qualquer efeito prático sobre o fogo.
Em outras palavras, um investimento
um pouco menor pode resultar em um
grave prejuízo, certamente maior do
que o valor despendido no dimensiona-
mento correto de sprinklers.
Desta forma, suscitar um debate so-
bre essa realidade com vistas a mudá-la
pode ser muito importante. É com esse
intuito que se criou o Instituto Sprinkler
Brasil (ISB), para se difundir informa-
ções e conscientizar sobre as melhores
práticas de prevenção e combate a in-
cêndios, mais especificamente sobre o
uso do sprinkler.
Marcelo Lima
é diretor-geral do
Instituto Sprinkler Brasil (ISB) desde
2011.
Engenheiro químico, graduado pela
Faculdade de Engenharia Industrial (FEI),
é também coordenador do Comitê de
Chuveiros Automáticos da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Há três anos, atua como consultor sênior
da área de Códigos e Normas da FM
Global, onde é responsável pelas atividades
relacionadas a esses assuntos nos países
atendidos pela empresa na América
Latina /
De acordo com o
mercado segurador
em nível global,
entre 1997 e 2007,
o prejuízo médio
devido a incêndios
em edificações com
instalação adequada
de sprinklers foi de
US$ 600 mil; (…) em
locais sem sprinklers
foi de US$ 3,4 milhões
(5,7
vezes maior)