Revista Infra maio 2014 - page 91

INFRA
RH
GERAÇÃO “NEM-NEM” MUNDIAL
E
xiste uma evidência preocupan-
te que aponta para o crescimento
da população da geração “nem-nem”,
composta por jovens que nem traba-
lham nem estudam. Essa é uma ten-
dência não só no Brasil, mas mundial
conforme mostra pesquisa realizada
pela Organização Internacional do
Trabalho (OIT) realizada em quarenta
países. Em pelo menos trinta nações,
houve aumento do fenômeno. Em paí-
ses como Espanha e Irlanda, os índices
chegam a 20% dos jovens nessas con-
dições, uma taxa considerada muito
preocupante pela organização.
Conhecidos também pela sigla em
inglês Neet (Neither in employment,
nor in educationor training – “nem em-
prego, nem educação formal”, em por-
tuguês), o perfil desses jovens aumen-
ta por motivos diferentes, de acordo
com o país. A crise mundial que afetou
as nações europeias é a grande causa
para o comprometimento da oferta de
trabalho, como nos casos da Turquia,
da Grécia, entre outros; em que a taxa
de desemprego na faixa etária é muito
grande. Já no México, por questões cul-
turais, 77% das garotas não trabalham,
preferindo se dedicar à vida familiar.
O assunto vem chamando a aten-
ção desde o ano passado quando uma
campanha publicitária da Benetton, na
Itália, destacava o “Desempregado do
ano”, utilizando fotos de jovens. O obje-
tivo era chamar atenção para a falta de
oportunidade para esse grupo de pes-
soas e também para o desânimo deles
em relação aos cargos com baixa remu-
neração, preferindo esperar até surgir
oportunidades melhores.
No Brasil, os números mostram que
o crescimento econômico da década
passada não foi suficiente para melho-
rar as condições de emprego dos jo-
vens. Apesar de conviver com uma taxa
de desemprego baixa, em torno de 6%,
o País ainda convive com índice alto
da população “nem-nem”: 19% dos jo-
vens entre 15 e 24 anos . O número de
mulheres negras é duas vezes maior do
que o de homens nessa situação. Entre
as causas estão o baixo nível social e
os casos de gravidez na adolescência,
que as afastam da escola e da ativida-
de laboral.
O Centro de Integração Empresa-
-Escola (CIEE), em seu papel de facilitar
a inserção do jovem no mundo do tra-
balho, atua com a intenção de diminuir
esses índices, abrindo oportunidades
de estágio e, principalmente, de apren-
dizagem, que tem nesse grupo seu pú-
blico-alvo. Nesses 50 anos de atuação,
13 milhões de jovens já foram encami-
nhados para empresas, entidades e ór-
gãos públicos.
*
Luiz Gonzaga Bertelli
é presidente exe-
cutivo do Centro de Integração Empresa-
-Escola (CIEE), da Academia Paulista
de História (APH) e diretor da Fiesp.
por Luiz Gonzaga Bertelli*
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