Revista Infra Janeiro/Fevereiro 2018

50 INFRA Outsourcing & Workplace LOGÍSTICA REVERSA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM SHOPPING CENTER: UM ESTUDO DE CASO LOGÍSTICA REVERSA | por Mustafa Khatib* A Revolução Industrial foi um grande marco para a origem dos grandes centros urbanos, através do processo de produção em massa, que resultou na re- dução de custos propiciando uma maior acessibilidade aos seus produtos. O aumento populacional e crescimen- to urbano, mudanças dos costumes e melhoria da qualidade de vida têm pro- duzido uma sociedade de consumo com alto poder de descartabilidade, o que amplia diretamente a quantidade total de resíduos sólidos per capta produzidos particularmente nos centros urbanos. No Brasil, como em outros países em desenvolvimento, outras demandas so- mam-se à questão ambiental, estas são ocasionadas por deficiências na Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos (GRSU) (PES, 2015). Essa discussão se estende além da geração dos resíduos, fato irreversível. A problemática acerca dos RSU abran- ge questões econômicas, ambientais e sociais impactando no agravamento dos indicadores de saúde devido à prolifera- ção de doenças e de emissões de gases nocivos ao nosso meio ambiente. Uma das alternativas para o equa- cionamento da tríade aumento popu- lacional / geração / disposição final dos resíduos, é a promoção de incentivos à reciclagem. Embora no Brasil, o Legis- lativo Federal tenha aprovado em 2010 a nova Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) (BRASIL, 2010), a qual estabelece metas crescentes para a redu- ção de recicláveis dispostos em aterros e defenda adicionalmente o “incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vis- ta fomentar o uso de matérias-primas e insumos derivados e materiais reciclá- veis e reciclados” (art. 7º, VI), o índice percentual de reciclagem, de uma forma geral, ainda é incipiente, apenas 3%. No entanto a capacidade de resíduos que poderiam ser reciclados é de 30% se- gundo a IPEA (2012). Apesar do inegável potencial econô- mico dos RSU, há fatores e condições específicas que emperram o alavancar desta atividade econômica, no qual pode-se destacar: • o incremento no custo da coleta seletiva comparado como da coleta convencio- nal, atribuído ao aumento do custo/ transporte; • custo de manutenção de programas de mobilização e sensibilização da po- pulação, quanto à correta segregação; • legislação; • arquitetura da cadeia e fluxo logístico extensa e confusa envolvendo muitos agentes; e • dispersão geográfica entre o ponto de coleta e o ponto de segregação e dis- posição. (ALIGLERI, 2009) Neste trabalho foi executado um es- tudo de caso, uma investigação empírica que avalia um fenômeno dentro do seu contexto real, baseado em fontes de evi- dências, tais como, a documentação, os registros em arquivos, as entrevistas, a observação direta, a observação parti- cipante e os artefatos físicos para que beneficie o desenvolvimento das pro- posições teóricas conduzindo-as para a coleta e análise de dados (YIN, 2015). O trabalho foi executado emum shop- ping center no centro de uma cidade do interior do estado de São Paulo. O centro de compras em questão possui localização privilegiada para distribui- ção e logística posicionadas a apenas três minutos do centro da cidade sede da região administrativa para outros 41 outros municípios vizinhos. Foi efetuada a classificação e a quan- tificação de resíduos gerados, antes e após a implantação da terceirização da gestão dos resíduos. Foram avaliados os indicadores econômicos e de eficiência na gestão pré e pós-implantação. Foramavaliados os aspectos e impac- tos culturais, bem como a valoração da importância dos resíduos pelos autores diretos da geração (lojistas) antes e após a apresentação dos resultados econômicos e do aumento do valor agregado estabe- lecido após o processo de terceirização. Foi estabelecida uma nova arquitetu- ra e hierarquia da cadeia do fluxo rever- so. Desde a sua concepção o shopping center avaliado no estudo foi desenhado para possuir uma baia de segregação de resíduos com uma área de mais de 150 m 2 dividida em terminais de embar- ques para veículos, área de estocagem para resíduos sólidos, com contentores e compactador com capacidade de pro- cessamento de 17m 3 de resíduos por vez.

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