Revista Infra Janeiro/Fevereiro 2018

51 INFRA Outsourcing & Workplace Antes da implantação da terceiriza- ção, eram processadas cerca de 50 to- neladas de resíduos por mês, as quais eram compactados sem segregação. Os resíduos eram transportados até a baia pelos próprios geradores (lojistas) e dispostos em áreas pré-estabelecidas. Naquela altura, catadores e empresas afins, separavamos resíduos de interesse e retiravam do local por conta própria. Levantou-se as questões referentes aos gargalos na gestão dos resíduos na etapa anterior à implantação da terceirização. Os principais gargalos para a implan- tação de um plano de gerenciamento interno de resíduos estão relacionados às questões: organizacional; sistêmica; técnica; econômica; atitudinal; gover- namental dentre outras. Sendo assim, a coleta seletiva é a chave do sucesso da logística reversa de pós-consumo, e a redução dos garga- los existentes para sua plena e eficiente aplicação, depende do sucesso de alguns fatores prévios que são: • oneração das indústrias de reciclagem; • deficiência da capacidade de recicla- gem das cooperativas em relação à demanda; • carência na área de informações e de tecnologia da informação; • dificuldade econômica e financeira para arcar comas despesas em infraestrutura deficitária; • falta de uma cultura e educação pela população em relações a ações am- bientais, tais como segmentação do próprio resíduo. De forma a adequar-se à PNRS e após a avaliação do potencial econômico e do sócio-ambiental da destinação correta dos resíduos, foi efetuado um estudo de redesenho da política interna de segre- gação do resíduo resultando no Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (PGIRS). A partir de então, iniciou-se uma cam- panha de informação sobre a importân- cia da segregação adequada e disposição dos resíduos, onde os lojistas passaram a separar o material em seus estabeleci- mentos transportando-os às baias de se- gregação. Houve então a contratação de mais dois funcionários terceirizados para atuarem na doca, custo acrescentado no montante total pago por cada 17 m 3 de material compactado cujo valor médio foi estimado em R$ 14,5 mil segundo a projeção de reajuste para o ano de 2017. Na análise financeira foi verificada a necessidade de redução do material disponibilizado para o aterro, cujo valor pago por tonelada acrescia cerca de R$ 125 com o valor reajustado para 2017, o que elevava os custos totais mensais em aproximadamente mais R$ 2.500,00. No total, incluindo-se os reajustes e a contratação dos funcionários em dois períodos de trabalho, os custos totais médios foram elevados de R$ 13 mil com referência a 2016 para aproximadamente R$ 17.500,00 para 2017 com um acrésci- mo mensal de R$ 4.500,00 a ser partilha- do pelo condomínio comercial. O redesenho da cadeia logística focou então empontos chaves: a segregação do resíduo, a redução do material destinado para o aterro e, finalmente, a comercializa- ção domaterial reciclado, com seus retor- nos financeiros, sendo aplicados na amor- tização dos custos logísticos do descarte. A redução do material destinado ao aterro teve um impacto direto nos custos com uma redução média de R$ 800 e R$ 1.100, pagos para a destinação do resí- duo no aterro sanitário, para o primeiro e segundo mês, respectivamente. Isso, graças à prática da segregação associada ao direcionamento dos reciclados para destinação correta. Porém, as reduções de despesas não se resumem a isso, uma vez que os resíduos segregados passaram a ser comercializados com empresas de interesse, destacando uma receita global positiva de aproximadamente R$ 1.960,00 para o primeiro mês, valor este que se elevou no segundo mês para aproxima- damente R$ 2.890,00. Do ponto de vista dos benefícios so- cioeconômicos e ambientais, pode-se ressaltar que a destinação correta dos resíduos faz com que eles deixam de ser dispostos demaneira irregular nos aterros. Materiais recicláveis que não se resumem aos seus valores agregados, mas também, ao seu ciclo de vida na natureza, ao serem reaproveitados e destinados corretamente encurtamo período de absorção do resí- duo e a transformação pelo ambiente. De ummodo geral, a logística reversa é vista como um dos itens menos signifi- cantes da lista para o lançamento de um novo produto no mercado, em geral os produtores focam sua atenção na viabi- lidade de produção, nos custos, design e outros estágios do produto. Sendo assim, quando inseridas as opções daquele pro- duto, muitas vezes as empresas optam por embalagens ou produtos one way, em vez de produtos e/ou embalagens retornáveis, tendo em vista sua viabili- dade econômica. A experiência colhida no shopping mostra uma modificação na tendência de produção local. Emparceria como con- domínioa empresade reciclagemdopapel fornece a umprodutor regional dematerial tipográfico, opapel cartãoque agora passa a ser beneficiado para produção de capas de cadernos e outros subprodutos. * Mustafa Khatib é Gerente de Operações do Boulevard Shopping Bauru

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