Revista Infra Maio/Junho 2018

89 INFRA Outsourcing & Workplace ções, empresas de energia, fabricantes de automóveis e hospitais. Ele ilustrou uma tendência crescente de usar ata- ques cibernéticos direcionados às in- fraestruturas críticas e setores estraté- gicos industriais, levando a receios de que, no pior dos casos, os atacantes possam desencadear uma quebra nos sistemas que mantêm as sociedades funcionando. Desde o ataque de 2015 à rede elétrica da Ucrânia – que desli- gou temporariamente 30 subestações, interrompendo o fornecimento de energia para 230 mil pessoas – exis- tem evidências de várias tentativas de atingir as infraestruturas críticas. Em 2016, por exemplo, um ataque na rede de mensagens SWIFT – Society for Worldwide Interbank Financial Te- lecommunication – levou ao roubo de US$ 81 milhões do Banco Central de Bangladesh. A Agência Europeia para a Segurança da Aviação (Aesa) declarou que os sistemas de aviação estão su- jeitos a uma média de mil ataques por mês. No ano passado, houve relatos de tentativas de usar ataques de phishing contra empresas que operam usinas nucleares nos Estados Unidos. A maioria dos ataques a sistemas críticos e estratégicos não obtiveram sucesso, mas a combinação de suces- sos isolados com uma crescente lista de tentativas de ataques sugere que os riscos estão aumentando. Além disso, a crescente interconectividade e ritmo do mundo aumenta nossas vulnerabilida- des a ataques que causam não apenas interrupções isoladas e temporárias, mas choques sistêmicos radicais e ir- reversíveis. A humanidade tornou-se notavel- mente eficiente em mitigar inúmeras ameaças convencionais que podem ser facilmente isolados e gerenciados com abordagens padrão de gerenciamento de risco. Mas somos muito menos com- petentes quando se trata de lidar com riscos complexos em sistemas caracte- rizados por loops de feedbacks, pontos de convergência e relações opacas de causa vs. efeito que podem dificultar a intervenção. Sociedades, ecossistemas, econo- mias e o sistema financeiro global são exemplos de sistemas extremamente complexos e interligados. Pense em como a infraestrutura mundial, desde a geração de energia até as redes de transporte, é cada vez mais conectada digitalmente. Pense nas tensões entre nosso crescente quadro institucional global e o ritmo dasmudanças no século XXI. Pense nos sistemas de valores éticos que moldam o comportamento dentro e entre os países e a imprevisibilidade que pode resultar, caso ocorra uma rea- valiação do que é aceitável e inaceitável. Se os governos acelerassem os esforços atuais para estabelecer regras básicas semelhantes para a guerra cibernética, isso ajudaria a prevenir conflitos eruptivos por engano Quando um risco cascateia através de um sistema de extrema complexi- dade, o perigo não é apenas de dano incremental, mas de “colapso desen- freado” ou, alternativamente, uma transição para um novo status quo. Por exemplo, apesar de um colapso desen- freado do sistema financeiro global ter sido evitado há uma década atrás, a crise financeira global desencadeou numerosas perturbações econômicas, sociais, políticas e geopolíticas. Mui- tas dessas perturbações ainda não são compreendidas em sua plenitude, mas elasmoldamumstatus quo que, por sua vez, criará suas próprias alterações e retrocessos nos próximos meses e anos. À medida que o ritmo da mudança acelera, sinais de tensão são evidentes emmuitos dos sistemas nos quais con- fiamos. Não podemos reduzir a possibi- lidade de um ou mais desses sistemas entrar em colapso. Assim como uma mola pode perder a capacidade de vol- tar ao seu formato original, o estresse repetido pode levar os sistemas – or- ganizações, economias, sociedades, meio ambiente – a perder a capacidade de resiliência. Se esgotarmos nossas ca- pacidades de resiliência e permitirmos que nossos sistemas se tornem frágeis o suficiente para quebrar, será difícil estimar os danos e prever as perdas. Confira o relatório completo do The Global Risks Report 2018 13th Edition acessando o link: https://goo.gl/X3kNQb *Tácito Augusto Silva Leite , autor dos livros Gestão de riscos na segurança patrimonial: um guia para empresários e consultores e Segurança ciberfísica nas empresas de energia. * *Igor Pipolo , CEO da Núcleo e Master Dealer Brasil da Alarm.com. *** Texto extraído e adaptado do The Global Risks Report 2018 – 13th Edition, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial de Davos.

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