Revista Infra Julho/Agosto 2018

58 INFRA Outsourcing & Workplace FUNCIONAL E BELO Uniforme profissional também é design de moda e precisa ser tratado no contexto da ergonomia UNIFORMES | por Léa Lobo T radicionalmente, o mercado enten- de que os uniformes profissionais não são vistos apenas como uma forma padrão de identificação dos funcioná- rios e de uma marca de negócios. Para alguns, os uniformes representam a preocupação da empresa com o bem- -estar de seus colaboradores, além de inspirarem confiança, comprometimen- to e até higiene, dependendo do seg- mento de mercado. Cristina Ecker, Professora da Gradua- ção do curso de Design de Moda da Belas Artes, escola tradicional de design, lem- bra que neste curso o tema do uniforme, entra na disciplina de Ergonomia. Isso porque, a estética e o acabamento são muito importantes, mas a ergonomia vem para apoiar isso e dizer que não se tem uma bela roupa se ela não funciona no cotidiano. “Na disciplina, orientamos os alunos a começar a observar os uni- formes com outro olhar, pois ainda no começo do curso eles não têm noção que uniforme é design de moda. Design de moda não é só glamour e passarela, é o que a gente veste, o que a gente usa, e aí incluímos os uniformes e suas funções de ergonomia, não só ligadas ao tipo de tecido, mas pensar direito nos bolsos, nos acabamentos, na funcionalidade de colo- car, de tirar, na temperatura, até na cor”. Um dos principais diferenciais do curso Design de Moda da Belas Artes é entender que nem todo aluno quer ser estilista: por isso, alémde prepará-los para atuar nessa área, o curso ainda permite que os estudantes desenvolvamprojetos nas áreas de gestão, design de superfícies, estamparia, editorial, entre outras. Na área prática profissional, os alunos do curso podemparticipar do Studio Grid, espaço onde os estudantes desenvolvem proje- tos, fazempesquisa e aplicamos conheci- mentos da sala de aula comclientes reais. Ecker lembra de um comentário de um aluno que disse já ter notado que os uniformes utilizados pelas empresas de conservação e limpeza, por exemplo, pos- suemuma cor que é umcinza ou uma cor completamente neutra, ou é aquela cor de “burro quando foge”, que não é nemocre, nem creme, uma cor sem cor. “Parece- -me que não há um cuidado domercado de uniformes profissionais em estudar a psicologia das cores. Os funcionários de limpeza e conservação, por exemplo, que já são pouco vistos, aliás tem gente que passa perto e não é capaz de cumprimen- tar, de tratar como um colega do mesmo nível, tem gente que faz diferenciação, infelizmente. Parece-me que inconscien- temente as cores são escolhidas para o funcionário passar desapercebido. Aqui, nossos alunos fazemestudos sobre a cor, o tecido e a funcionalidade. Para o Auxiliar de Serviços Gerais (ASG), por exemplo, pergunta-se: ‘Que tipo de uniforme eles precisam ter?’ Alguns uniformes não têm bolso e não dá para negar que hoje emdia todomundo usa celular. Então, quando se faz umprojeto desse tipo de uniforme, já temque incluir o bolso de celular, o bolso da chave, o cinto onde o ASGpode colocar tal coisa, e a ideia é fazer esse conjunto funcional ficar bonito”, observa. Outro ponto a se atentar é a classifi- cação dos tecidos para uniformes, pois moramos em um país tropical e precisa- mos de tecidosmais leves. Normalmente, o mercado de multisserviços faz a opção pelos tecidos do tipo sintético (100% po- liéster), em função de sua resistência, du- rabilidade, facilidade de lavar e preço, que são atributos importantes, entretanto, em temperaturas mais altas comprometem muito a produtividade do usuário, pois esquentam e dificultam a transpiração, chegando até a causar odor, às vezes. “E as perguntas que ficam são: ‘Até onde o que é barato é realmente barato?’; ‘Até onde que o barato não sai caro?’; ‘Porque não se atentar emcomo a ergonomia interfere naautoestimado trabalhador?’ Ébem isso: ‘Poxa, eu não tenho onde guardarmeu ce- lular, eunão tenhoonde guardar as chaves das salas que eu tenho que abrir o tempo todo, tenho que pendurar no carrinho... E se eu tivesse um bolso certinho?’ E assim vai... Não só para o funcionário de faxina, mas para o funcionário da lanchonete, o garçom, omotorista. É ummomentode vi-

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