Revista Infra Setembro/Outubro 2019

138 INFRA Outsourcing & Workplace EDIFÍCIOS COM ALTAS TAXAS DE VACÂNCIA D e acordo como banco de compen- sações internacionais Bank for In- ternational Settlements (BIS), a valori- zação imobiliária no Brasil foi de 121% no período de 2008 a 2013. Em 2014, devido à Copa doMundo Fifa, ocorreram muitas melhorias em infraestrutura, va- lorizando algumas regiões próximas aos locais de realização dos eventos. Após cinco anos de crescimento, no final de 2014, omercado imobiliário começava a apresentar sinais de declínio devido ao enfraquecimento da economia nacional e instabilidade política. Entre os anos de 2014 e 2015, segundo dados da Empre- sa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), emSão Paulo o lançamento de imóveis recuou 38,6%. No terceiro semestre de 2017, no mercado imobi- liário de São Paulo e Rio de Janeiro, ocorreram taxas recordes de vacância. Neste período, 22%dos imóveis comer- ciais no Rio de Janeiro estavam vazios, seguido por 18% em São Paulo e 12% emBrasília. Em2010, a taxa de vacância de imóveis comerciais novos vazios era de 1,93% enquanto a mesma taxa no final do primeiro semestre de 2017 era de 47,3%. O Rio de Janeiro foi o estado mais atingido devido à crise do setor de Óleo e Gás, que foi potencializada pela queda do preço do barril do petróleo no mercado mundial. As organizações tiveramde se adequar à crise, reduzindo espaços, fazendo demissões em mas- sa, procurando por locais commenores custos de locação ou ainda, nos casos extremos, encerrando suas operações definitivamente. Emumperíodo de dez anos, o mercado imobiliário brasileiro experimentou o seu apogeu e derrocada. A ocupação de edifícios vazios por pessoas sem-teto é cada vez mais co- mum. Os custos da retirada de sem- -teto de prédios incluem, além dos custos jurídicos, reparos estruturais que podem chegar até a recomposi- ção completa do sistema elétrico por furto de cabeamento para a venda de cobre com sucata. Vale citar também a tragédia ocorrida em São Paulo em maio de 2018, quando o Edifício Wil- ton Paes de Almeida desabou após um incêndio. O prédio de 24 andares era ocupado por 372 pessoas sem-teto e pertencia ao Governo Federal. A edifi- cação possuía diversas irregularidades na parte elétrica, problemas na rede de hidrantes e ausência de extintores. O problema das instalações vazias vai além do viés financeiro. Existe também uma perspectiva social, pois pode gerar riscos ao seu entorno, tais como: fontes de vetores transmissores de doenças, possibilidade de incêndios, desaba- mento, abrigo de moradores de rua e locais para práticas ilícitas. O cenário de vacância elevada faz parte do ciclo de vida de um edifício. PROPERTY MANAGEMENT | por Alex Ferreira Gonçalves* Pesquisa realizada pela Orbis Pro- perty & People Protection em conjun- to com o British Institute of Facilities Management (BIFM), publicada em 2011, mostrou que 74% dos respon- dentes classificaram prédios vazios como um “aborrecimento”. Vários são os riscos associados aos prédios va- zios, tais como: 1. custos referentes aos reparos por vandalismo; 2. perda de valorização imobiliária; 3. ocupação por criminosos e posseiros; 4. roubos de equipamentos; e 5. destinação das edificações para abandono de lixo e entulho. Um exemplo clássico no Rio de Janeiro é o antigo prédio do Car- refour, localizado no bairro da Usina, próximo à comunidade do morro do Borel. O prédio deixou de operar em fevereiro de 2005 devido à violência na região. Existem outras edificações vazias que apresentam os mesmos riscos, tais como o antigo prédio da Universidade Gama Filho, no Bairro Encantado, e o Edifício Joseph Gire, mais conhecido como “A Noite”, na região portuária do Centro, ambos no Rio de Janeiro. Edifício Wilton Paes de Almeida em 2014 (a esquerda) e o mesmo edifício em chamas em maio de 2018 (a direita) Reprodução/TV Globo Corpo de Bombeiros de São Paulo

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