Revista Infra Maio/Junho 2019

143 INFRA Outsourcing & Workplace GESTÃO | por Jorge Arduh* OS LÍDERES E OS ROBÔS: DESAFIOS DE UMA NOVA ERA determinar metas, dar feedback. Todas essas atividades já podem ser desem- penhadas de maneira individual por sistemas em operação. E com alguns pontos positivos: evitam-se confrontos de personalidade, e os feedbacks são mais objetivos e imparciais. Do lado humano, a chegada da gera- ção nascida nos anos 80 aos cargos de chefia e a entrada nos nativos digitais no mercado de trabalho exigem um novo olhar para a atração, retenção e desenvolvimento de talentos. Enquanto isso, do lado tecnológico, a inteligência artificial e a escolha das áreas a serem robotizadas já começam a tirar o sono desses executivos. Para solucionar essas questões, é ne- cessário pensar de maneira estratégica. Pessoas queremcada vezmais agilidade e menos burocracia para resolver ques- tões e issopassa tantopelo fator tecnoló- gicoquantopelo fator humano. Para isso, é necessário combinar damelhor forma o que ambos os lados têma oferecer, de- senvolvendo a ambos demaneira igual. Um exemplo claro de como isso pode acontecer está no recrutamento e seleção. Hoje, a tecnologia pode aju- dar as lideranças a reuniremdados que tracem o perfil dos funcionários e os comportamentos que melhor se adap- tem à organização. Isso traz agilidade na hora de selecionar candidatos e dire- cionar treinamentos específicos para as necessidades individuais desses jovens. Os robôs colaborativos, também conhecidos como Cobots, são cada vez mais utilizados para aumentar a eficiência e produtividade. Eles são desenvolvidos para trabalhar com seus correspondentes humanos, com técnicas de segurança que eliminam a necessidade de barreiras entre os tra- balhadores e o robô. Cabe destacar que, amparados na tecnologia, também surgirão novos perfis, mercados e negócios onde os profissionais poderão se desenvolver e que nos levarão, a longo prazo, a uma redefinição ou até mesmo ampliação de postos de trabalho, mostrando que a robotização não implica na redução ou desaparecimento da oferta de emprego. Mesmo com todos esses benefícios, é necessário lembrar que a convivência profissional entre máquinas e seres hu- manos poderá trazer desafios. Estudos no campo da computação afetiva, setor da robótica que analisa os estados emo- cionais dos seres humanos para que as máquinas respondamadequadamente a eles, demonstramque a relação entre humanos e robôs será mais complexa do que aquela que temos com nossos computadores. Emsuma, omomentopedededicação e cautela aoadotar a robotizaçãonoam- bientede trabalho. Aindahámuitosbene- fícios edesafios a seremexplorados. Para alémdeuma visãode “certo” e “errado”, é necessário pensar que essa convivência vai existir e descobrir como viver nesse novo ambiente é uma tarefa essencial para os profissionais dos próximos anos – especialmente os líderes. * Jorge Arduh é CEO da Indra no Brasil. Divulgação O uso de novas tecnologias temdes- pertado um lado maniqueísta em grande parte das pessoas: amor ou ódio, fim ou começo, avanço ou retrocesso, desespero ou salvação. Discussões a respeito do papel das pessoas em uma sociedade cada vez mais centrada em dados também são levantadas: afinal, todos teremos empregos? Como viverão as sociedades do futuro? Nãohá resposta concretaeúnicapara essesquestionamentos. Trabalhar emum ambiente dominado pela tecnologia for- nece apenas a visãodo impacto final que cada produto desenvolvido traz. Um as- pectoéóbvio: cadavezmais, as tarefasbu- rocráticase repetitivas sãoautomatizadas, dando lugar (e voz) para que as pessoas sejam alocadas em tarefas estratégicas. Essa relação aparentemente invi- sível entre humanos e robôs pode nos levar a pensar que terá impacto apenas às funções de produção. Isso está longe de ser verdade. Até 2025, robôs devem estar presentes no conselho adminis- trativo de quase metade das empresas analisadas em pesquisa pelo Fórum Econômico Mundial. No futuro, gerenciar um robô ou ter uma máquina como colega de trabalho pode até causar estranhamento. Mas é ainda mais complicado pensar que ainda poderemos ser liderados por sis- temas de inteligência artificial. Embora a ideia pareça distante, é necessário considerar as principais ati- vidades de um gestor: usar dados para analisar problemas e tomar decisões, monitorar a performance da equipe,

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