Revista Infra outubro 2013 - page 21

Deixar o espaço a favor da pedago-
gia inclui também o uso de materiais
adaptados. Os pisos não podem ser es-
corregadios, mas também não podem
ser tão ásperos para que a criança não
se machuque, caso caia. Na Escola Viva,
os móveis têm rodinhas para desempe-
nhar papel duplo: de um lado armário,
do outro painel; e as portas são retrá-
teis, permitindo a junção ou separação
de salas. Instrumentos ligados a outro
valor da escola: a disposição para mu-
danças. “Antes, havia um código que o
professor deixava desenhado na lousa
para mostrar como ele queria a dispo-
sição da sala para a próxima aula, pois
até isso tem influência na ação pedagó-
gica. Por exemplo, se quero uma aula
mais interativa, preciso que a sala fa-
voreça, com agrupamentos de mesa ou
em círculos. E nossa equipe tinha que
ser treinada para isso”, explica a coor-
denadora da Escola Viva.
No Instituto Sidarta não é diferente.
A própria descrição da proposta pe-
dagógica inclui o espaço como ponto
central: “Metodologia diferenciada,
que compreende o espaço físico como
ambiente educador’, valoriza a apren-
dizagem pela experiência, garantindo
uma educação baseada em valores e
exercitando com seus alunos o traba-
lho social como forma de exercício da
cidadania”, diz o texto. A escola foi con-
cebida após um trabalho de pesquisa a
espaços inspiradores não só no Brasil
e hoje serve de modelo em projetos da
rede pública de ensino. “Queríamos um
ambiente mais instigador. Entendemos
que o espaço deve propor experiências
e aprendizagens, não só porque é mais
agradável, mas tambémporque traz de-
safios”, afirma a diretora administrativa,
Maria Aparecida Schleier. Por exemplo,
nos parques há pequenos morros para
que a criança suba e desça, favorecen-
do as questões físicas. Mesmo em es-
paços adaptados para ser uma escola,
a preocupação com a adequação deve
ser uma constante.
E se espaço e educação estão inti-
mamente ligados, as equipes de con-
servação e manutenção não podem
ser apartadas da equipe pedagógica. O
professor passa a ser fundamental no
cuidado com a infraestrutura, enquan-
to o profissional que desenvolve a ges-
tão predial deve ter sempre em mente
as questões pedagógicas, num traba-
lho conjunto e integrado.
Na Quintal, o professor tem esse
olhar diferenciado e reporta suas neces-
sidades e sugestões para o responsável
pela infraestrutura. Como a escola é pe-
quena, a diretora, um responsável pelo
administrativo e um responsável pela
parte pedagógica trabalhamemconjun-
to no processo de tomada de decisão e,
quando necessário, contratam um pro-
fissional especializado. A reunião peda-
gógica semanal inclui o que Fernanda
chama de “parte prática”, onde são dis-
cutidas também as questões relaciona-
das à estrutura física, como reposição
de brinquedos, reparos de vazamentos
e problemas com a piscina. “Como nos-
sas crianças são muito pequenas, essas
questões são prioritárias. Os professo-
res estão atentos a tudo e nos reportam
imediatamente quando há algum pro-
blema”, afirma.
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