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Outsourcing & Workplace
DEZ ANOS DE BIM NO BRASIL:
COMO ANDA ESTA INOVAÇÃO?
A
tecnologia BIM (Building Informa-
tion Modeling) chegou ao Brasil há
pouco mais de dez anos. Isso já seria
considerado um motivo para adotá-la,
porém vemos que o mercado, apesar de
contar com inúmeras fontes de informa-
ção, ainda mostra desconhecimento so-
bre o assunto, além daquela velha des-
culpa: “Sabemos o que é, mas achamos
que não está na hora de mudar. Vamos
esperar que a mudança ocorra primei-
ramente em outras empresas”.
Para os que ainda não tiveram ne-
nhum contato com a sigla que esta
dominando o setor da construção no
mundo, o BIM ou “Modelagem da Infor-
mação da Construção”, em português, é
uma tecnologia voltada à construção ci-
vil que permite a criação de um modelo
virtual do edifício antes de construí-lo,
considerando todas as suas disciplinas:
arquitetura, estrutura, instalações e aná-
lises. Não estamos falando somente de
uma maquete eletrônica, mas sim de um
modelo inteligente e paramétrico, que
associa informações dos elementos da
construção e podem ser extraídas a qual-
quer momento ou utilizadas para fins de
operação/manutenção do edifício.
O edifício virtual, por ser um modelo
fiel ao da construção, permite a compa-
tibilização dos projetos evitando erros e
desperdícios na construção e facilitando
até mesmo a operação do canteiro. Por
fim, omodelo do edifício ao final da obra
passa a ser o As Built, com grande valor
para o operador, ou seja, trata-se de
uma tecnologia eficiente para aumentar
a produtividade do setor da construção.
Temos ouvido hoje, após dez anos
de a tecnologia ter desembarcado no
Brasil, várias desculpas por parte de
empresas do setor da construção do
tipo: “Quanto vai custar? O BIM é muito
caro!”; “Nós não precisamos disso”; “Ain-
da não me pediram nada em BIM, vou
esperar um pouco”, dentre outras. Muito
já se debateu em congressos e seminá-
rios sobre o desafio da implantação do
BIM no Brasil, mas está na hora de enca-
rar o desafio e partir para a capacitação
e trabalho para começarmos a colher os
frutos antes que se fique para traz.
No início, víamos desculpas referentes
ao custo da tecnologia, qualificação da
mão de obra, falta de bibliotecas e de pa-
drões adequados à nossa realidade, além
das dificuldades coma interoperabilidade
entre as ferramentas. Hoje, o mercado já
se articulou e teve um grande avanço em
termos de qualificação de mão de obra,
principalmente por parte dos jovens.
Algumas indústrias fornecedoras da
construção já criaram suas bibliotecas,
providência que confirma a importância
delas e impulsiona as demais compa-
nhias a seguir a mesma cadeia. O custo
da tecnologia, por sua vez, deve ser visto
como um investimento que trará mais
produtividade, desde que utilizado cor-
retamente. Quanto aos padrões brasilei-
ros já há movimentos importantes por
parte do governo e entidades de classe,
tais como ABNT (Associação Brasileira
de Normas Técnicas), AsBEA (Associa-
ção Brasileira dos Escritórios de Arqui-
tetura), Exército Brasileiro, entre outros
que estão desenvolvendo normas para
atender ao nosso padrão de BIM. Alguns
órgãos do governo já se arriscaram a
solicitar projetos em BIM demandando
uma readequação dos projetistas. En-
tão, por que ainda temos desculpas para
não implantar o BIM em alguns setores?
No final dos anos 1980, ocorreu a
transição dos projetos feitos em pran-
cheta com todas as ferramentas de de-
senho que a acompanhavam para a tec-
nologia CAD (Computer Aided Design), o
que não foi fácil na época. Houve muita
resistência e as mesmas desculpas de
hoje, quase 30 anos depois: investimen-
to alto, falta de mão de obra e falta de
padrões de desenho brasileiros.
No meio de tantas desculpas, entre-
tanto, há muitos motivos para adotar a
tecnologia BIM pelos benefícios que ela
traz para o negócio e não só pela pressão
de mudar somente pela demanda, sem
estar consciente dos benefícios. Toda a ca-
deia da construção se beneficia da tecno-
logia, o que resulta em alcance de novos
negócios, aprimoramento do processo de
projeto e construção, eficiência na coorde-
nação e compatibilização, diminuição do
desperdício na obra e ROI positivo.
*
Claudia Campos
é Arquiteta Especialista na
tecnologia BIM e Sócia-diretora do ConstruBIM
BIM |
por Claudia Campos*
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