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64 INFRA

Outsourcing & Workplace

DEZ ANOS DE BIM NO BRASIL:

COMO ANDA ESTA INOVAÇÃO?

A

tecnologia BIM (Building Informa-

tion Modeling) chegou ao Brasil há

pouco mais de dez anos. Isso já seria

considerado um motivo para adotá-la,

porém vemos que o mercado, apesar de

contar com inúmeras fontes de informa-

ção, ainda mostra desconhecimento so-

bre o assunto, além daquela velha des-

culpa: “Sabemos o que é, mas achamos

que não está na hora de mudar. Vamos

esperar que a mudança ocorra primei-

ramente em outras empresas”.

Para os que ainda não tiveram ne-

nhum contato com a sigla que esta

dominando o setor da construção no

mundo, o BIM ou “Modelagem da Infor-

mação da Construção”, em português, é

uma tecnologia voltada à construção ci-

vil que permite a criação de um modelo

virtual do edifício antes de construí-lo,

considerando todas as suas disciplinas:

arquitetura, estrutura, instalações e aná-

lises. Não estamos falando somente de

uma maquete eletrônica, mas sim de um

modelo inteligente e paramétrico, que

associa informações dos elementos da

construção e podem ser extraídas a qual-

quer momento ou utilizadas para fins de

operação/manutenção do edifício.

O edifício virtual, por ser um modelo

fiel ao da construção, permite a compa-

tibilização dos projetos evitando erros e

desperdícios na construção e facilitando

até mesmo a operação do canteiro. Por

fim, omodelo do edifício ao final da obra

passa a ser o As Built, com grande valor

para o operador, ou seja, trata-se de

uma tecnologia eficiente para aumentar

a produtividade do setor da construção.

Temos ouvido hoje, após dez anos

de a tecnologia ter desembarcado no

Brasil, várias desculpas por parte de

empresas do setor da construção do

tipo: “Quanto vai custar? O BIM é muito

caro!”; “Nós não precisamos disso”; “Ain-

da não me pediram nada em BIM, vou

esperar um pouco”, dentre outras. Muito

já se debateu em congressos e seminá-

rios sobre o desafio da implantação do

BIM no Brasil, mas está na hora de enca-

rar o desafio e partir para a capacitação

e trabalho para começarmos a colher os

frutos antes que se fique para traz.

No início, víamos desculpas referentes

ao custo da tecnologia, qualificação da

mão de obra, falta de bibliotecas e de pa-

drões adequados à nossa realidade, além

das dificuldades coma interoperabilidade

entre as ferramentas. Hoje, o mercado já

se articulou e teve um grande avanço em

termos de qualificação de mão de obra,

principalmente por parte dos jovens.

Algumas indústrias fornecedoras da

construção já criaram suas bibliotecas,

providência que confirma a importância

delas e impulsiona as demais compa-

nhias a seguir a mesma cadeia. O custo

da tecnologia, por sua vez, deve ser visto

como um investimento que trará mais

produtividade, desde que utilizado cor-

retamente. Quanto aos padrões brasilei-

ros já há movimentos importantes por

parte do governo e entidades de classe,

tais como ABNT (Associação Brasileira

de Normas Técnicas), AsBEA (Associa-

ção Brasileira dos Escritórios de Arqui-

tetura), Exército Brasileiro, entre outros

que estão desenvolvendo normas para

atender ao nosso padrão de BIM. Alguns

órgãos do governo já se arriscaram a

solicitar projetos em BIM demandando

uma readequação dos projetistas. En-

tão, por que ainda temos desculpas para

não implantar o BIM em alguns setores?

No final dos anos 1980, ocorreu a

transição dos projetos feitos em pran-

cheta com todas as ferramentas de de-

senho que a acompanhavam para a tec-

nologia CAD (Computer Aided Design), o

que não foi fácil na época. Houve muita

resistência e as mesmas desculpas de

hoje, quase 30 anos depois: investimen-

to alto, falta de mão de obra e falta de

padrões de desenho brasileiros.

No meio de tantas desculpas, entre-

tanto, há muitos motivos para adotar a

tecnologia BIM pelos benefícios que ela

traz para o negócio e não só pela pressão

de mudar somente pela demanda, sem

estar consciente dos benefícios. Toda a ca-

deia da construção se beneficia da tecno-

logia, o que resulta em alcance de novos

negócios, aprimoramento do processo de

projeto e construção, eficiência na coorde-

nação e compatibilização, diminuição do

desperdício na obra e ROI positivo.

*

Claudia Campos

é Arquiteta Especialista na

tecnologia BIM e Sócia-diretora do ConstruBIM

BIM | 

por Claudia Campos*

Divulgação