Revista Infra outubro 2014 - page 78

78 INFRA
Outsourcing & Workplace
SISTEMAS
DE ÁGUA
E ESGOTO
CIB W062 - ÁGUA |
por Larissa Gregorutti
A
pesar do atual estresse hídrico que
afeta o estado de São Paulo e os
frequentes casos de enchentes em todo
o País, não é de hoje que instituições
mundiais debatem sobre os fenômenos
que ocorrem entre a água e o meio am-
biente. No evento realizado pelo Con-
selho Internacional de Pesquisa e Ino-
vação na Construção (CIB), em parceria
com o Departamento de Engenharia de
Construção Civil da Escola Politécnica
da USP, entre os dias 8 e 10 de setem-
bro também não foi diferente.
Com o tema “Abastecimento de
água e drenagem para edifícios”, o 40th
International Symposium of CIB W062
que aconteceu no hotel Maksoud Plaza
em São Paulo, teve como foco apresen-
tar sistemas prediais de água e esgoto,
o desempenho de materiais, entre ou-
tros assuntos correlatos.
Os trabalhos foram divididos em
cinco sessões: “Abastecimento de água
e drenagem hidráulica nos edifícios”,
“Desempenho de materiais, compo-
nentes e sistemas”, “Construção sus-
tentável e conservação da água”, “As-
pectos de saúde e higiene relacionados
a sistemas de encanamento”, “Sistemas
hidráulicos: design e produtividade”.
Sobre desempenho de materiais,
uma equipe de engenheiros vinda do
Japão divulgou estudos sobre o desem-
penho da tubulação de aço inoxidável e
outros equipamentos na excitação sís-
mica, apresentando medidas para evitar
a ressonância na tubulação durante os
terremotos. Dentre os testes realizados,
por exemplo, foi possível observar que
um efeito de amortecimento pode ser es-
perado para a tubulação vertical sem ra-
mos, quando utilizado um apoio fixo em
locais onde a influência do deslocamen-
to pode ser ignorada, como ao ar livre.
No Reino Unido, a pesquisa apre-
sentada pelo Dr. David Kelly, professor
da Escola de Ambiente Construído da
Universidade Heriot-Watt, apontou
que jardins frontais domésticos ou
comerciais, ao serem pavimentados,
contribuem com as enchentes. Ele
mencionou o impacto disso perante
as mudanças climáticas, demonstrado
que um jardim totalmente verde (de
tamanho médio) em Edimburgo, capi-
tal da Escócia, não geraria escoamento
durante cinco minutos de chuva, pois
toda a água se infiltraria no solo. No en-
tanto, se este jardim fosse totalmente
coberto com pavimentação impermeá-
vel, geraria cerca de 480 litros de escoa-
mento, sendo que em toda a cidade,
esse volume representaria 14,8 mega-
litros, podendo chegar ao escoamento
de 20,2 megalitros até 2080. Segundo
Kelly, se drenado para a rua, o volume
de água traria problemas de incapaci-
dade consideráveis para o sistema de
drenagem e esgoto e, sem dúvida, au-
menta o risco de inundações.
Já no Brasil, Ricardo Prado Abreu
Reis, professor da Escola de Engenharia
Civil da Universidade Federal de Goiás,
apresentou como solução de drenagem
para o ambiente construído o desem-
penho de pavimentos permeáveis com
e sem reservatórios de pedra. Ele expli-
cou que os dois módulos experimentais
foram instalados na Universidade Esta-
dual de Campinas (Unicamp) em Cam-
pinas/SP, sendo que cada pavimento
consiste em uma área de 5 metros por
2,5 metros, que é mais ou menos uma
vaga de estacionamento, e o reservató-
rio de pedras construído abaixo de um
dos pavimentos, possui uma altura mé-
dia de 32 cm.
O resultado obtido nesse estudo
comprovou que a água das chuvas
escoada sobre o pavimento permeá-
vel com reservatório em campo teve a
capacidade de captar 1.276 litros, en-
quanto o pavimento sem reservatório
teve a capacidade de captar apenas
353 litros, devido a sua configuração
convencional, com o pavimento posto
diretamente sobre o solo compactado.
Diversos outros projetos verdes fo-
ram apresentados durante o evento,
como o sistema que consome menos
de um litro de água nos sanitários de
apartamentos no Japão e a construção
de pântanos verticais para o tratamen-
to de águas cinza realizado na Eslovê-
nia, incentivando o desenvolvimento
da pesquisa e a troca de experiências
em busca de melhores soluções para
uma construção sustentável.
Ricardo Prado Abreu Reis, professor da
Escola de Engenharia Civil da UFG
Divulgação
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