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Outsourcing & Workplace
O IMPACTO
DAS DECISÕES
Produtividade e inovação
são duas mudanças
essenciais para o futuro
bem-sucedido dos negócios,
segundo o economista e
escritor Eduardo Giannetti
Tendências |
por Érica Marcondes
N
unca me esqueço de um episó-
dio de infância, quando aos dez
anos de idade, a então professora de
português lançou aos alunos a tarefa
de escrever um livro. E o primeiro dos
desafios foi exatamente saber qual
tema desenvolver. Afinal, eram muitas
as possibilidades. Apaixonada pelas
Fábulas de Esopo e por tantos outros
contos de fundo moral compartilhados
por minha mãe, minha escolha foi pela
história “A Cigarra e a Formiga”.
Emblemática até hoje, ela serve de
analogia em um dos best-sellers de
Eduardo Giannetti – O Valor do Amanhã.
O economista PhD pela Universidade de
Cambridge e professor do Insper acerta
em cheio quando defende que todos os
dias fazemos escolhas. Desde o básico:
o que comer, como cuidar da nossa saú-
de, do nosso dinheiro... Até as grandes
decisões: aumentar a família, empreen-
der em um negócio próprio etc.
“São decisões que definem se a nos-
sa atitude em relação à vida é credora –
quem sacrifica o hoje para ter benefícios
lá na frente – ou devedora – quemdeseja
a gratificação imediata sem se importar
com o amanhã”, resumiu ele empalestra
de abertura do SAP Forum Brasil 2014,
maior evento de negócios e tecnologia
da América Latina, que reuniu em São
Paulo, de 11 a 13 de fevereiro, mais de
dez mil profissionais em busca de me-
lhores práticas em gestão empresarial,
inovação e tendências tecnológicas.
Para uma decisão mais acertada,
tais trocas entre presente e futuro preci-
sam, segundo Giannetti, levar em conta
três megatendências de mudanças. A
primeira delas é a força poderosa da
transição demográfica : em pouco mais
de sessenta anos praticamente quadru-
plicamos a população brasileira. Mas
com a queda da taxa de fecundidade
a partir de 1970 e maior longevidade,
temos um fenômeno que vem inver-
tendo a pirâmide etária: mais jovens no
mercado de trabalho e menos aposen-
tados. Resultado: é preciso melhorar
nossos índices de eficiência a fim de
suportar essa nova realidade.
Para o economista, o Brasil é quatro
vezes menos produtivo (capacidade de
gerar riqueza) do que países mais de-
senvolvidos. E a explicação está basica-
mente em duas palavras: tecnologia e
conhecimento. “É a diferença entre tra-
balhar comuma enxada e um trator. Veja
bem: um incremento de
3,5% na produtividade é
responsável por dobrar
a receita em vinte anos.
Se a empresa consegue
um esforço adicional de
5% de melhoria anual
na produtividade, são
necessários apenas 14
anos para obter o mes-
mo resultado”, explica.
A segunda variável é a sustentabi-
lidade. Mudanças ambientais/climáti-
cas estão provocando deslocamentos
profundos das atividades econômicas.
Um dos erros do sistema de hoje é o
modo como calculamos o PIB. “O sis-
tema de preços não registra o impacto
ambiental de um indivíduo que cruza o
Atlântico e que emite mais CO
2
que um
indiano durante um ano na zona rural.
E isso não está embutido no preço fi-
nal do bilhete. Entretanto, a meu ver, a
precificação para questões como essa é
uma questão de tempo”.
Por fim, a terceira megatendência
diz respeito aos padrões de consumo.
O que faixa etária e comportamento
social têm a dizer? Há vinte anos, mo-
radia, alimentação e vestuário com-
prometiam grande parte do orçamento
de um brasileiro. Assim como nos EUA
– que vivenciaram esta migração –, en-
tretenimento, educação e saúde serão
a bola da vez.
Mas como uma empresa se legitima
no mercado? Para o palestrante, há dois
caminhos fundamentais, que passam
pela criação de valor reconhecido pelo
cliente: fazer melhor do que os outros
(combinação custo/benefício, preço e
qualidade) ou fazer o que ninguém está
fazendo (desde que exis-
ta uma demanda genuí-
na). Para as lideranças
corporativas, fica a dica
de olhar com mais cari-
nho para a sua força de
trabalho. Tecnologia é
importante, mas são ne-
cessárias pessoas engaja-
das e dispostas a aplicar
seu conhecimento.
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