Table of Contents Table of Contents
Previous Page  82 / 100 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 82 / 100 Next Page
Page Background

82 INFRA

Outsourcing & Workplace

CONSTRUÇÃO CERTIFICADA

 O momento de

mostrar resultados

A

s construções sustentáveis existem

há séculos suprindo as necessida-

des de abrigo dos seres humanos sem,

necessariamente, gerar danos ao meio

ambiente em que estavam inseridas.

No caso do Brasil, há exemplos interes-

santes da época colonial, onde os casa-

rões eram construídos sobre pilotis para

evitar a subida de umidade e promo-

ver ventilação adequada. As varandas

espaçosas e beirais ao redor de toda a

construção evitavam os ganhos de ca-

lor pela envoltória, as janelas de gran-

des dimensões existiam para favorecer

a iluminação natural e o pé-direito alto

para garantir boas taxas de renovação

de ar. Todas essas soluções, aliadas ao

bom isolamento da cobertura em telhas

cerâmicas, promoviam condições de

conforto bem satisfatórias, mesmo con-

siderando os padrões atuais de tempe-

ratura e iluminação confortáveis. Além

disso, os materiais utilizados vinham de

menos de 300 km de distância, a taipa

de pilão com barro retirado a poucos

metros da residência e a água quente

de um trocador de calor instalado na

chaminé do fogão à lenha.

Com o passar do tempo, a popula-

ção das cidades e a concentração de

pessoas foram aumentando, gerando

uma série de desafios para a constru-

ção civil no mundo. Com isso, surgiram

outras necessidades tais como o des-

locamento via veículos automotores,

energia elétrica constante, infraestrutu-

ra para telecomunicações. As pessoas

começaram a ter acesso a culturas e li-

nhas arquitetônicas diferentes que, so-

madas às novas necessidades da vida

moderna e às tecnologias inovadoras,

geraram uma revolução na maneira de

projetar e construir.

Para suprir este momento, uma das

soluções foi a verticalização das cons-

truções. Desta maneira, no local onde

existiam duas ou três habitações ocu-

padas por pouco mais de uma dezena

de pessoas passamos a ter edifícios

que acomodavam centenas de indiví-

duos. Esta configuração das cidades

se mostrou extremamente vantajosa,

principalmente com o adensamento e

redução drástica do tempo e dinheiro

gastos em deslocamentos. Entretanto,

em algum momento de nossa história

priorizamos mais a quantidade do que

a qualidade das construções que, so-

madas à falta de planejamento urbano,

geraram resultados não tão bons.

O modelo de verticalização das ci-

dades apresentou seus limites e surgi-

ram desafios importantes decorrentes

da sobrecarga da infraestrutura urbana

como, engarrafamentos, falta d’água e

de energia, poluição de corpos hídri-

cos, aumento de custo de construções,

escassez de matéria prima e mão de

obra. No caso específico de recursos

naturais, por um bom tempo procurou-

-se aumentar a oferta de energia e água

para as construções, mas pouco a pou-

co percebeu-se que reduzir a demanda

poderia ser mais eficiente do que au-

mentar a oferta, pois gerava diminuição

de custos operacionais das construções.

Passou-se, então, a pensar de ma-

neira mais estruturada no ciclo de vida

da construção como um todo, consta-

tando que o maior custo de um edifí-

cio está no uso e operação e não, ne-

cessariamente, na obra. Fazia sentido,

portanto, estudar detalhadamente o

projeto tanto sob aspectos construti-

vos como de uso e operação, visando

a redução de demanda de recursos e,

consequentemente, de custos opera-

cionais. Desta forma, os arquitetos e

engenheiros foram desafiados a pensar

de maneira integrada, aliando estética,

funcionalidade e desempenho.

Em meados da década de 1970, al-

guns especialistas começaram a se re-

unir para criar uma metodologia para

projeto, construção e operação de edi-

fícios com foco na redução de impac-

tos ambientais. Surgia aí um primeiro

movimento no sentido de se criar as

certificações para construções susten-

táveis, que começaram a ser conheci-

das pelo mercado mundial a partir da

década de 1990.

As certificações para construções

sustentáveis ou “selos verdes” surgiram

SELOS “VERDES” | 

por Luiz Henrique Ferreira

Divulgação