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Outsourcing & Workplace
CONSTRUÇÃO CERTIFICADA
O momento de
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A
s construções sustentáveis existem
há séculos suprindo as necessida-
des de abrigo dos seres humanos sem,
necessariamente, gerar danos ao meio
ambiente em que estavam inseridas.
No caso do Brasil, há exemplos interes-
santes da época colonial, onde os casa-
rões eram construídos sobre pilotis para
evitar a subida de umidade e promo-
ver ventilação adequada. As varandas
espaçosas e beirais ao redor de toda a
construção evitavam os ganhos de ca-
lor pela envoltória, as janelas de gran-
des dimensões existiam para favorecer
a iluminação natural e o pé-direito alto
para garantir boas taxas de renovação
de ar. Todas essas soluções, aliadas ao
bom isolamento da cobertura em telhas
cerâmicas, promoviam condições de
conforto bem satisfatórias, mesmo con-
siderando os padrões atuais de tempe-
ratura e iluminação confortáveis. Além
disso, os materiais utilizados vinham de
menos de 300 km de distância, a taipa
de pilão com barro retirado a poucos
metros da residência e a água quente
de um trocador de calor instalado na
chaminé do fogão à lenha.
Com o passar do tempo, a popula-
ção das cidades e a concentração de
pessoas foram aumentando, gerando
uma série de desafios para a constru-
ção civil no mundo. Com isso, surgiram
outras necessidades tais como o des-
locamento via veículos automotores,
energia elétrica constante, infraestrutu-
ra para telecomunicações. As pessoas
começaram a ter acesso a culturas e li-
nhas arquitetônicas diferentes que, so-
madas às novas necessidades da vida
moderna e às tecnologias inovadoras,
geraram uma revolução na maneira de
projetar e construir.
Para suprir este momento, uma das
soluções foi a verticalização das cons-
truções. Desta maneira, no local onde
existiam duas ou três habitações ocu-
padas por pouco mais de uma dezena
de pessoas passamos a ter edifícios
que acomodavam centenas de indiví-
duos. Esta configuração das cidades
se mostrou extremamente vantajosa,
principalmente com o adensamento e
redução drástica do tempo e dinheiro
gastos em deslocamentos. Entretanto,
em algum momento de nossa história
priorizamos mais a quantidade do que
a qualidade das construções que, so-
madas à falta de planejamento urbano,
geraram resultados não tão bons.
O modelo de verticalização das ci-
dades apresentou seus limites e surgi-
ram desafios importantes decorrentes
da sobrecarga da infraestrutura urbana
como, engarrafamentos, falta d’água e
de energia, poluição de corpos hídri-
cos, aumento de custo de construções,
escassez de matéria prima e mão de
obra. No caso específico de recursos
naturais, por um bom tempo procurou-
-se aumentar a oferta de energia e água
para as construções, mas pouco a pou-
co percebeu-se que reduzir a demanda
poderia ser mais eficiente do que au-
mentar a oferta, pois gerava diminuição
de custos operacionais das construções.
Passou-se, então, a pensar de ma-
neira mais estruturada no ciclo de vida
da construção como um todo, consta-
tando que o maior custo de um edifí-
cio está no uso e operação e não, ne-
cessariamente, na obra. Fazia sentido,
portanto, estudar detalhadamente o
projeto tanto sob aspectos construti-
vos como de uso e operação, visando
a redução de demanda de recursos e,
consequentemente, de custos opera-
cionais. Desta forma, os arquitetos e
engenheiros foram desafiados a pensar
de maneira integrada, aliando estética,
funcionalidade e desempenho.
Em meados da década de 1970, al-
guns especialistas começaram a se re-
unir para criar uma metodologia para
projeto, construção e operação de edi-
fícios com foco na redução de impac-
tos ambientais. Surgia aí um primeiro
movimento no sentido de se criar as
certificações para construções susten-
táveis, que começaram a ser conheci-
das pelo mercado mundial a partir da
década de 1990.
As certificações para construções
sustentáveis ou “selos verdes” surgiram
SELOS “VERDES” |
por Luiz Henrique Ferreira
Divulgação