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Outsourcing & Workplace
ANATOMIA DE FACILITIES
NO MERCADO DE SAÚDE
O que é possível fazer
para que as empresas
terceiras deixem de ser
vistas como um corpo
estranho e, sim, como
parceiras estratégicas
N
unca o setor de facilities teve tama-
nha visibilidade no Brasil. Conjunto
de atividades de suporte que sustentam
o core business, fornecendo melhores
condições para que uma organização
possa atrair e manter talentos, ganhar
maior eficiência operacional e lucrativi-
dade, o FM pode ser ainda mais estra-
tégico quando se fala em ambientes de
saúde. Afinal, além de todas essas variá-
veis, a moeda de maior valor é a preser-
vação da vida e o bem-estar das pessoas.
A gama de instalações com este
perfil é considerável no território brasi-
leiro. Segundo o Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde (CNES), o
País conta hoje com aproximadamente
294 mil empreendimentos que juntos
têm um total de 439 mil leitos clínicos
e cirúrgicos, sem contar os laboratórios
especializados, clínicas e consultórios
que podem se beneficiar de serviços de
facilities voltados às suas necessidades.
Para esse público, é possível oferecer
a gestão de manutenção predial, limpe-
za hospitalar, limpeza predial, recepção,
segurança, informática, lavanderia, ali-
mentação, estacionamento, entre ou-
tros serviços que impactam, direta ou
indiretamente, o negócio principal.
Veja, por exemplo, o sistema de
acreditação – auditoria realizada nos
hospitais para investigar e atestar que
os mesmos atendem aos critérios de
segurança do paciente, demonstran-
do excelência na operação. Os siste-
mas mais rigorosos (internacionais)
chegam a avaliar mais de mil requisi-
tos em diversas categorias, como a de
prevenção e controle de infecções que
tem grande aderência aos serviços de
limpeza especializada e destinação
correta de lixo comum e contaminante.
GARGALOS ENTRE TOMADORES
E PRESTADORES
Mas por que, então, esse poten-
cial não tem sido aproveitado? Uma
primeira hipótese apontada por espe-
cialistas é de que as empresas tercei-
ras precisam participar mais das reu-
niões de planejamento estratégico, a
fim de direcionar as tarefas operacio-
nais na direção da estratégia da orga-
nização. É preciso cuidar em detalhes
de cada atividade, mas também ter
uma visão sistêmica.
Para outros, falta inovação, equipes
qualificadas e foco no cliente – que não
é apenas o paciente, mas também os
acompanhantes, o corpo clínico, a go-
vernança e os próprios terceiros.
Se há problemas no setor priva-
do, quem dirá nos hospitais públicos.
O que se vê são instituições de saúde
(hospitais, clínicas, postos de saúde
etc.) muito mal ou pouco conservadas,
deixando inclusive de atender às nor-
mas técnicas e resoluções da Anvisa. Há
uma série de razões que podem expli-
car esse hiato entre as oportunidades e
a efetiva contribuição de facilities para
melhoria desse segmento. São elas:
• As atividades não assistenciais não são
o core da saúde (e nem devem ser).
• As atividades não assistenciais soma-
das não costumam ser superiores a
15% dos custos operacionais de uma
instituição de saúde.
• A fiscalização sobre os itens pertinentes
à infraestrutura é praticamente inexis-
tente ou faz-se “vistas grossas” sobre as
irregularidades. Afinal, quem tem cora-
gem de interditar um hospital, em um
País com tanta carência assistencial?
• O administrador hospitalar não en-
xerga as atividades não assistenciais
como um potencial de ganho econô-
mico para sua unidade.
• O administrador hospitalar não tem
percepção a respeito das perdas e
dos riscos que uma infraestrutura mal
conservada pode causar às ativida-
des assistenciais como, por exemplo,
riscos de curtos-circuitos, infiltrações,
FACILITY MANAGEMENT NA SAÚDE
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por Daniel Figueiredo*
Divulgação
Daniel Figueiredo,
Diretor na Lunak
Consult