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INFRA
Outsourcing & Workplace
tegrado de forma ótima à arquitetura do
prédio. Hoje em dia não é mais assim.
Na medida em que aumenta a comple-
xidade do trabalho e a necessidade de
colaboração entre os funcionários, o
“posto de trabalho” deixou de ser a pa-
naceia que atende a todas as demandas.
Honestamente, com um notebook, um
headset, uma rede wi-fi e uma cadeira
ergonômica, qualquer cantinho em casa
pode se transformar em um home office
tão completo como a maioria dos postos
de trabalho que ainda predominam na
maior parte das empresas.
Quais são então os pontos cruciais
a serem observados de olho em um
workplace adequado à atração e
manutenção dos talentos, e ali-
nhado à cultura organizacional?
O escritório precisa oferecer uma mul-
tiplicidade de espaços para trabalhar
de acordo com os diferentes requisitos
da maioria dos funcionários. Boa parte
desses requisitos decorre da necessidade
de trabalhar de forma mais colaborati-
va, buscando oferecer um ambiente que
possibilite às equipes endereçar tarefas
mais complexas em menos tempo. Na
medida em que os funcionários traba-
lham mais em espaços colaborativos
dentro do escritório, em suas casas ou
em ambientes “terciários”, como hotéis,
aeroportos e cafés, postos de trabalho
primários ficam vagos e podem – e de-
vem – ser compartilhados.
Quais são os fatores são
levados em conta?
A quantidade de espaço que um escri-
tório precisa ter de forma que possa
contribuir efetivamente como indutor
de negócios – e, dessa forma, funcione
também como ferramenta de atrair e
manter talentos – depende primariamen-
te de dois fatores: a natureza do trabalho
desempenhado e a política da empresa
com relação à flexibilidade do local do
trabalho. O tipo de trabalho vai ajudar a
determinar a proporção adequada entre
postos de trabalho primários e outros
espaços, incluindo áreas colaborativas.
Da mesma forma que não faz sentido
designar postos de trabalho dedicados
para profissionais de vendas que pas-
sam boa parte de seu tempo em visitas
a clientes, também não faz sentido pro-
porcionar uma variedade de espaços
de colaboração para funcionários que
trabalhampredominantemente sozinhos
ou remotamente.
Flexibilidade também é importante?
A flexibilidade para trabalhar no escritó-
rio, em casa ou em “qualquer lugar” tam-
bémémuito relevante. A Hewlett Packard
Enterprise, por exemplo, encoraja seus
funcionários a trabalhar todo dia no es-
critório porque entende que isso favore-
ce a comunicação direta e espontânea.
Outras empresas, muitas delas também
do ramo de tecnologia, dão mais ênfase
aos benefícios da flexibilidade, incluindo
aumentar a atratividade adaptando-se às
necessidades individuais dos funcioná-
rios, reduzir tempo gasto com desloca-
mentos e emissões de CO
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decorrentes
de transporte e, principalmente, reduzir
custos imobiliários.
Em resumo, a quantidade de funcioná-
rios definitivamente não mais determina
quanto espaço uma empresa precisa. O
tipo de trabalho e a política de flexibilida-
de também têmde ser levadas em conta.
O que é indispensável, em absolutamen-
te todos os casos, é o monitoramento
constante e a adaptação frequente do
espaço à demanda. Espaço vazio é um
custo que pode e deve ser evitado.
Para fecharmos, em sua opinião,
os profissionais de CRE ocupam a
posição estratégica que deveriam/
poderiam nas companhias?
A posição de CRE dentro de uma organiza-
ção depende da relevância que o espaço
construído tempara os negócios. Quando
imóveis são parte integrante do principal
negócio da empresa (por exemplo: hotéis,
redes de varejo, empresas de logística)
minha expectativa é de que a liderança
de CRE reporte-se diretamente ao CEO.
Nas outras empresas, acho que é correto
que ela responda a uma área abaixo do
CEO. Em muitas empresas não é assim,
porque a liderança de CRE não assume o
papel estratégico que poderia e deveria
ter. De forma bastante recorrente esses
profissionais lamentam não ter a verba
que precisam e reclamam que suas ne-
cessidades não são compreendidas pela
alta direção. Isso não faz omenor sentido.
Por quê?
Empresas objetivam lucro. Lucro é resul-
tado de receita menos despesa. A contri-
buição daqueles segmentos da empresa
que estão do lado da despesa, como os
profissionais de CRE, é de diminuí-las con-
tinuamente. Eles passam a ocupar uma
posiçãoestratégicaquandoestãosintoniza-
dos coma estratégiada empresa. Quando
atuamdemaneiraproativapara reduzir os
riscosoperacionaispelosquais são respon-
sáveis e quando conseguem demonstrar
os benefícios tangíveis para o negócio dos
investimentos que fazem.