Background Image
Table of Contents Table of Contents
Previous Page  59 / 88 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 59 / 88 Next Page
Page Background

59

INFRA

Outsourcing & Workplace

tinham um conceito, interferiam muito

na estética da cidade. Além disso, as

pessoas estão saturadas de propagan-

das, e a street art tem outra proposta:

valorizar o espaço urbano”, comenta o

artista plástico Eduardo Kobra.

O trabalho no edifício Ragi, reali-

zado em 2013, contou com a ajuda de

outras três pessoas de sua equipe. E foi

puxado: eles trabalhavamemandaimes

das 8h às 20h. A obra, integrante do

projeto Muros da Memória, modifica a

paisagem urbana por meio de pinturas

cenográficas que resgatam importantes

figuras da memória da cidade. “Fomos

convidados para pintar a lateral do pré-

dio, mas não tínhamos patrocinadores

para arcar com os custos. O edifício só

cedeu a parede. Porém, aos poucos,

conseguimos empresas que ajudaram

no projeto doando tinta, andaime etc.”,

conta o autor do painel.

A linguagem geométrica da pintura

esconde, em traços do rosto e roupa do

arquiteto, referências a várias obras de

Niemeyer, como a Igreja da Pampulha,

o edifício Copan, o Museu Oscar Nieme-

yer e o Palácio do Planalto. Um trabalho

belíssimo que, como tudo, requer ma-

nutenção para manter-se belo. “Mais

de 90% dos painéis que fiz na capital

foi feito de forma voluntária. Neste caso

específico, como tem a colaboração

dos parceiros, eles ajudam a manter

a obra sempre em bom estado, mas o

prédio não se responsabiliza. E como a

arte de rua é efêmera, não é possível ter

um controle sobre a conservação, pois

ela fica exposta ao sol, chuva, e isso in-

terfere nas cores”, explica o artista.

Colorir o cinza da metrópole ainda

é um desafio. Pouco mais de 20 painéis

gigantes confortam o olhar atento do

paulista apressado. O custo de uma

obra desse porte pode ficar em torno de

R$ 160 mil, e utiliza cerca de 300 litros

de tinta. Uma espécie de publicidade

permanente para as empresas que de-

cidem apoiar projetos dessa natureza.

ARTE FAZ BEM PARA A SAÚDE

E não é só no âmbito cultural que a

arte é aclamada. Pelo menos não para

o Grupo Fleury Medicina e Saúde, que

completa 90 anos em 2016. A fim de

proporcionar bem-estar e qualidade de

vida, a unidade Itaim do Fleury inau-

gurou, em 2013, um estacionamento

exclusivo para bicicletas, localizado

no primeiro subsolo do prédio. Além

de mais conforto e comodidade para

quem vai de bike, o espaço ainda incen-

tiva a diminuição do número de carros

que circula pelas ruas de São Paulo.

Para ambientar o local, o artista

plástico e ilustrador Alex Senna utili-

zou o contraste entre as cores amarela,

preta e branca para dar vida a um casal

de ciclistas, dentro do conceito street

art. Quem for de bike à unidade conta

ainda com bebedouro, bomba de ar e

armários com chaves.

Oprédio do Itaimconta tambémcom

amplos espaços, luminosidade natural e

obras de arte – uma delas, permanente.

Intitulada “Planitude” e idealizada pe-

los artistas Ary Perez e Denise Milan, a

instalação mostra uma superfície plana,

torcida uma vez, cujas extremidades são

unidas, formando uma figura circular.

A obra se relaciona com o processo de

saúde, no qual a doença e a cura coe-

xistem durante toda a vida. Nos andares

também estão expostos poemas, foto-

grafias, painéis, móbiles, pinturas e fra-

ses de escritores como Guimarães Rosa,

Vinicius de Moraes e Clarice Lispector. A

ideia é que, periodicamente, a exposi-

ção mude e convide a novas reflexões.

Millôr Fernandes também integra o

time de artistas que dá vida às paredes

e ambientes. Na sede do Jabaquara,

pássaros sendo assaltados na rua e ho-

mens voando livremente no céu formam

o painel “Queda e Ascensão”, assinado

pelo artista. Já o belo projeto paisagís-

tico feito pelo escritório de arquitetura

paisagística Rosa Grena Kliass – que

criou jardins em todos os pavimentos

com jabuticabeiras, tamareiras, tipua-

nas, paineiras -, completa a inusitada e

agradável experiência dos visitantes.

Painel policromático de 52 metros de altura em

homenagem ao arquiteto Oscar Niemeyer, do

artista plástico Eduardo Kobra

Alan Teixeira