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INFRA
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líticas e estratégias para a gestão dos
recursos hídricos. É preciso estar aten-
to à vasta gama de ameaças à quanti-
dade, disponibilidade e qualidade da
água, bem como aos seus impactos na
saúde pública, na qualidade de vida
e na economia, os quais aumentam a
vulnerabilidade das populações.
O relatório de 2007 do Intergover-
nmental Panel on Climate Change
(IPCC) alerta para o fato de que “as
mudanças climáticas deverão levar
a uma intensificação do ciclo hidro-
lógico global e poderão ter impacto
significativo nos recursos hídricos re-
gionais, afetando águas superficiais e
subterrâneas, o suprimento domés-
tico, os usos industriais, a geração
de hidroeletricidade, navegação, o
funcionamento dos ecossistemas e a
recreação em águas interiores”.
As recomendações sugeridas no
documento de posicionamento en-
volvem ações para gestão e redução
da demanda de água (a fim de com-
pensar os períodos de seca); prote-
ção e ampliação de áreas de pânta-
nos, alagados naturais, construção
de áreas alagadas artificiais (para
redução do efeito das enchentes); e
incentivos para o reúso de água após
o devido tratamento.
O aumento da demanda d’água
pelo mundo veio acompanhado pelo
aumento da contaminação das reser-
vas existentes, decorrente de causas
multivariadas e severas, como polui-
ção do ar, contaminações por efluen-
tes industriais e domésticos e usos
intensivos do solo.
Além das diversas doenças tradi-
cionais de veiculação hídrica (a con-
taminação da água é a principal cau-
sa da mortalidade infantil no mundo,
por exemplo), é de fundamental im-
portância se considerar, também, o
aumento dos POPs – Poluentes Orgâ-
nicos Persistentes –, bem como pesti-
cidas, herbicidas, hormônios e outras
substâncias dissipadas nas águas
superficiais e subterrâneas. Em um
período de 150 anos, a contaminação
atingiu níveis elevados, inclusive com
a presença de substâncias cujos efei-
tos sobre a saúde humana ainda são,
em grande parte, desconhecidos. E, o
que é pior, muitos desses componen-
tes não são retirados pelos métodos
tradicionais de tratamento de água.
De acordo com dados da Agên-
cia Nacional de Águas (ANA), a pre-
cipitação anual média no Brasil é de
1.765 mm, com variações no território
nacional entre 500 mm/ano (no Nor-
deste) a três mil mm/ano (na região
amazônica). O consumo total de água
é de 986,4 m
3
/s/km
2
. Propõe-se que o
modelo nacional de gestão dos recur-
sos hídricos leve em consideração tal
variabilidade hídrica.
No Brasil, grande parte dos proble-
mas da qualidade d’água vem da falta
de saneamento básico. Somente 30%
dos esgotos são tratados, impedindo
o reúso e aumentando a deterioração
dos recursos hídricos. Os problemas
se agravam pela poluição química
que adiciona metais pesados e subs-
tâncias tóxicas às águas das repre-
sas, rios e águas de abastecimento,
tornando-as verdadeiras “sopas” de
substâncias orgânicas e inorgânicas.
Quando as fontes e os mananciais
de água mais próximos se deteriora-
ram, ao invés de investirmos em pes-
quisa e conhecimento científico para
tratar, recuperar e reutilizar a água
de fontes contaminadas, adotamos o
método romano – trazer água de fon-
tes menos poluídas e, portanto, mais
distantes, exigindo investimentos em
energia e infraestrutura para trans-
porte de água.
A primeira recomendação, portan-
to, é para a conservação dos manan-
ciais e manutenção da qualidade da
água natural. A “produção” de água,
com qualidade adequada, está dire-
tamente ligada à cobertura vegetal.
Por isso, recomenda-se a elaboração
e execução de um projeto de megar-
reflorestamento no Brasil. Em segun-
do lugar, o tratamento de esgotos
deve ser incentivado, desenvolvido
e aplicado em todo o território na-
cional. Sem ele, o reúso da água fica
comprometido – e essa é uma técnica
fundamental da gestão, especialmen-
te em situações de estresse hídrico ou
escassez.
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