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83

INFRA

Outsourcing & Workplace

líticas e estratégias para a gestão dos

recursos hídricos. É preciso estar aten-

to à vasta gama de ameaças à quanti-

dade, disponibilidade e qualidade da

água, bem como aos seus impactos na

saúde pública, na qualidade de vida

e na economia, os quais aumentam a

vulnerabilidade das populações.

O relatório de 2007 do Intergover-

nmental Panel on Climate Change

(IPCC) alerta para o fato de que “as

mudanças climáticas deverão levar

a uma intensificação do ciclo hidro-

lógico global e poderão ter impacto

significativo nos recursos hídricos re-

gionais, afetando águas superficiais e

subterrâneas, o suprimento domés-

tico, os usos industriais, a geração

de hidroeletricidade, navegação, o

funcionamento dos ecossistemas e a

recreação em águas interiores”.

As recomendações sugeridas no

documento de posicionamento en-

volvem ações para gestão e redução

da demanda de água (a fim de com-

pensar os períodos de seca); prote-

ção e ampliação de áreas de pânta-

nos, alagados naturais, construção

de áreas alagadas artificiais (para

redução do efeito das enchentes); e

incentivos para o reúso de água após

o devido tratamento.

O aumento da demanda d’água

pelo mundo veio acompanhado pelo

aumento da contaminação das reser-

vas existentes, decorrente de causas

multivariadas e severas, como polui-

ção do ar, contaminações por efluen-

tes industriais e domésticos e usos

intensivos do solo.

Além das diversas doenças tradi-

cionais de veiculação hídrica (a con-

taminação da água é a principal cau-

sa da mortalidade infantil no mundo,

por exemplo), é de fundamental im-

portância se considerar, também, o

aumento dos POPs – Poluentes Orgâ-

nicos Persistentes –, bem como pesti-

cidas, herbicidas, hormônios e outras

substâncias dissipadas nas águas

superficiais e subterrâneas. Em um

período de 150 anos, a contaminação

atingiu níveis elevados, inclusive com

a presença de substâncias cujos efei-

tos sobre a saúde humana ainda são,

em grande parte, desconhecidos. E, o

que é pior, muitos desses componen-

tes não são retirados pelos métodos

tradicionais de tratamento de água.

De acordo com dados da Agên-

cia Nacional de Águas (ANA), a pre-

cipitação anual média no Brasil é de

1.765 mm, com variações no território

nacional entre 500 mm/ano (no Nor-

deste) a três mil mm/ano (na região

amazônica). O consumo total de água

é de 986,4 m

3

/s/km

2

. Propõe-se que o

modelo nacional de gestão dos recur-

sos hídricos leve em consideração tal

variabilidade hídrica.

No Brasil, grande parte dos proble-

mas da qualidade d’água vem da falta

de saneamento básico. Somente 30%

dos esgotos são tratados, impedindo

o reúso e aumentando a deterioração

dos recursos hídricos. Os problemas

se agravam pela poluição química

que adiciona metais pesados e subs-

tâncias tóxicas às águas das repre-

sas, rios e águas de abastecimento,

tornando-as verdadeiras “sopas” de

substâncias orgânicas e inorgânicas.

Quando as fontes e os mananciais

de água mais próximos se deteriora-

ram, ao invés de investirmos em pes-

quisa e conhecimento científico para

tratar, recuperar e reutilizar a água

de fontes contaminadas, adotamos o

método romano – trazer água de fon-

tes menos poluídas e, portanto, mais

distantes, exigindo investimentos em

energia e infraestrutura para trans-

porte de água.

A primeira recomendação, portan-

to, é para a conservação dos manan-

ciais e manutenção da qualidade da

água natural. A “produção” de água,

com qualidade adequada, está dire-

tamente ligada à cobertura vegetal.

Por isso, recomenda-se a elaboração

e execução de um projeto de megar-

reflorestamento no Brasil. Em segun-

do lugar, o tratamento de esgotos

deve ser incentivado, desenvolvido

e aplicado em todo o território na-

cional. Sem ele, o reúso da água fica

comprometido – e essa é uma técnica

fundamental da gestão, especialmen-

te em situações de estresse hídrico ou

escassez.

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