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Outsourcing & Workplace
À ESPERA DA GUINADA
Depois do pico, mercado imobiliário vem sofrendo com as mudanças econômicas,
instabilidade política e com as grandes entregas que ainda estão ocorrendo. Mas já há
sinais de uma possível retomada, que trazem um otimismo realista para o setor
REAL ESTATE
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por Paula Caires
O
mundo dá voltas, e o mercado imo-
biliário ilustra bem essa dinâmica: o
momento é preocupante, mas o conhe-
cimento dessa máxima dá certa tranqui-
lidade e garante um otimismo realista.
O primeiro sinal é o próprio humor.
Após os últimos desdobramentos ocor-
ridos no cenário político e a sinalização
para o início de reformas importantes
para o País – ainda que polêmicas –, as
perspectivas do mercado começam a
melhorar, puxando para o alto o Índice de
Confiança do Empresário Industrial (Icei),
medido pela Confederação Nacional da
Indústria (CNI), que registrou 53,7 pontos
em setembro. Apesar de ainda baixo, este
é o melhor índice desde janeiro de 2014.
Essa tendência de alta ganha ainda
mais destaque porque é a alavanca para
a retomada da confiança dos demais
estratos, como o dos consumidores. Se-
gundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), o
Índice de Confiança do Consumidor (ICC)
aumentou em julho pelo terceiro mês
consecutivo, passando de 71,3 pontos
para 76,7. O cenário possibilita a volta
do consumo e, consequentemente, da
atividade produtiva e do emprego.
Na análise da consultoria de imóveis
comerciais Newmark Grubb, “esses sinais
apontam para uma lenta retomada, mas
devemser observados comcuidado, pois
aindanão são suficientes parauma consta-
tação demelhora definitiva. No entanto, o
conjuntodos indicadores aponta que exis-
temaior possibilidade de estabilização do
que de deterioração e que as revisões dos
planos podemser mais frequentes dentro
das empresas para o segundo semestre”.
O próximo ano, portanto, deve ser
de estabilidade, para não se dizer “per-
dido”. Mas o movimento de ascendência
deve ter início a partir de 2018. “Seguindo
a tendência do Brasil, depois de uma
grande crise, crescemos por cinco anos”,
prevê o Sócio-fundador da consultoria
imobiliária RealtyCorp, Marcos Alves.
Além dos fatores político e econômi-
co, o mercado corporativo, em algumas
regiões como São Paulo, teve mais um
agravante: uma grande entrega de no-
vos empreendimentos. Conforme explica
Eduardo Cardinali, Gerente Geral de Infor-
mações corporativas da Newmark Grubb:
“o novo estoque do mercado de escritó-
rios corporativos de alto padrão (A e A+)
chegou a dobrar de 2010 até agora”. O
resultado é uma taxa de vacância demais
de o dobro da considerada “saudável”,
isto é, em torno de 10%. Segundo estudos
da instituição, no segundo trimestre do
ano a vacância chegou em 23,8%.
Na avaliação do Sócio-fundador da
companhia de investimentos imobiliá-
rio VBI Real Estate, Rodrigo Abbud, “até
2010/2011 houve aumento da deman-
da e da produção. Mas quando foram
realizadas as entregas, o mercado havia
mudado. Hoje, se aceita um valor mais
baixo que o planejado com projeção de
rever o contrato daqui a três anos”.
Cardinali, ratifica tal expectativa. Em
São Paulo, por exemplo, houve uma forte
queda em comparação ao pico de preços
atingido em 2012, mas há uma tendência
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